terça-feira, abril 26, 2005

Coisa linda essa vida de merda.

Como vocês devem saber, agora eu moro no Rio de Janeiro já há quase dois meses, e não tenho tido tempo nem disposição para escrever. Algumas linhas, algumas idéias soltas sempre rolam, mas nada de concreto.
Vocês devem estar imaginando que entre as festas, as baladas e as mulheres enlouquecidas eu me perco e não alcanço mais o teclado, mas não é nada disso que tem rolado, na verdade estou naquele ritmo completamente casa-trabalho-casa, e sem nem ao menos o conforto das drogas socialmente toleradas pra me consolar no oblívio de toda essa rotina esmagadora.
Não me queixo (na verdade me queixo sim), porque tudo isso foi minha idéia, é a realização de um desejo antigo e mais que necessário para o meu amadurecimento pessoal e profissional, mas caramba! Como é difícil crescer, como dói crescer.
E o que mais me cansa é a falta do lar, sabem?! Com aspas, “O Lar”, onde somos desnudados de nossas couraças, máscaras e somos somente essa coisinha pequena que somos de verdade, sem pudor nem constrangimento. São sete noites na semana e eu durmo em cinco camas diferentes, e isso é estressante, vocês nem imaginam.
E me surpreendo apegado a essas idéias de “lar”, me vejo triste acordando em hospitais e quartos antigos e impessoais, e me revolto por não conseguir aproveitar essa falta de laços, essa “liberdade” vadia, que me condena e deprime e não posso negar que Sartre tinha razão novamente, aquele cretino.
Um caminho existe, eu sei e ele sempre aparece onde menos se espera, vejam a Gabriela André, por exemplo, só encontrou o rumo de casa depois que lhe roubaram o carro, e acabou descobrindo o valor daquelas coisas que são feitas de sonhos, e quem sabe do que os sonhos são feitos?
Eu descobri que sei sonhar de novo, descobri que posso e tenho esse direito, mas como não li a cartilha inteira ainda não sei bem onde encaixar as peças, mas as vou guardando enquanto a hora não chega.
Chegará o dia, eu sei, e aí vou dar uma galopada no final da tarde, só pra relaxar os nervos e esticar as costas. Chegará o dia...
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