domingo, julho 25, 2004

Acho que eu vi um coelho branco.

Para variar estou a toa no serviço.
Está chovendo, muito frio, e o povo preferiu ficar em casa, a vir até mim reclamar da vida. Eles com suas culpas e arrependimentos e eu com um pouco de tempo para ler e escrever até. Grande negócio.
De repente me deu uma bruta vontade de fumar, sabe?! Um cigarrinho qualquer, queimando na minha mão e aquele fedor maravilhoso tomando conta do ambiente. Apelei e até pedi um pra secretária mas ela me olhou como se eu estivesse pedindo ela em casamento.
Eu, hein?! Tá com incosto?!
Foi o que ela me disse balançando a cabeça e revirando os olhos, uma das cinco coisas que mais odeio em mulheres, revirar os olhos e torcer a boca.
Sou um fumante completamente fake, gosto de uns cigarros metidos a besta que eu não trago, para desespero dos fumantes reais, pois me dão uma tosse desgraçada. Só consigo tragar esses com gosto de papel: Luckys, Carltons e Malboros, mas tem um gosto tão sem graça que não valem a pena o sacrifício.
Tragava outras coisas, mas como parei com isso, estou perdendo a prática, e além disso minha namorada é uma daquelas anti-tabagistas e me ofereceu a escolha entre sua boca ou os cigarros; mulheres e suas jogadas...fico com a boca, bye bye fumacinha azul.
Hoje acordei dentro de uma teia.
Já estava dirigindo a cerca de vinte quilômetros e continuava sonolento e apático. A teia dos que me querem e tem medo. Aqueles fios invisíveis que ficam presos na culpa, no remorso e na insegurança. Fixos em nossos pulsos, tornozelos e no coração.
Mas o Radiohead me deu uma força e eu afastei tudo aos berros ( Murderers, you´re murderers, we are not the same as you!!!). E é admirável de como nós mesmos tentamos nos sabotar. É um processo lento e calcado na camaradagem e no amor familiar, mas quando percebemos "a jogada" escondida por trás de nós mesmos, tudo fica patético e mesquinho, esse nosso pavor em mudar; e percebemos que nossos antigos amores são apenas representações de tudo aquilo que nos torna fracos, de nossas fragilidades.
A Matrix está aí! Mas é muito mais engenhosa do que a do filme, criada por máquinas. A real tem muito mais sutileza e nos usa como capataz e carrasco de nós mesmos. Pois é na desconfiança e na fixação negativa que criamos nossos laços com a rotina e com a infelicidade, recheada de "sonhos" e realizações", todos vazios e impermanentes, mas devidamente monografados, é claro.
Os agentes não usam ternos pretos impecáveis e óculos escuros fantásticos( eu queria ter um, com certeza), e sim aventais, mini-saias com langerie sexy, calças curtas e até nossa própria cara, quadrada e amarela no espelho. Eles não nos apontam armas; nos apontam os dedos, nos chamando de meu amor.
Enquanto sugam nosso sangue até a medula. E eles querem sangue novo, carne doce e pulsos fortes, pois eles gostam de uma boa luta, confiantes em sua vitória final, e acaba sendo essa nossa única sorte, a confiança ilusória que eles criam para si mesmos, também presos pelas regras do próprio jogo. Essa ilusão de que tudo já está certo, ganho e perfeito.
E vou por aí, tal um louco saltando e cantando, um acrobata suicida, bobo-da-corte samurai, cortando os laços e desatando os nós com a força do meu amor que está tão vivo e tão cheio no meu peito histérico e maníaco.
E vou por aí, batendo palma para vocês dançarem e passando a noite em claro, conversando com a lua e rindo de mim mesmo.
Um menino velho com sonhos impossíveis.
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segunda-feira, julho 19, 2004

Cinco coisas que demonstram intimidade:

1. Limpar a orelha da outra pessoa.
2. Chamar os amigos por pequenos apelidos pejorativos.
3. Beber água no gargalo e fechar a geladeira com os pés.
4. Beijar na boca sem escovar os dentes.
5. Não se constranger em ser visto chorando.
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domingo, julho 18, 2004

Muita calma nessa hora.

Slow me down, babe.
Slow me down…
Seria um bom refrão para uma música do Camille Claudel, minha finada e muito saudosa banda. Terminamos a cerca de uns três anos e só gravamos uma fitinha caseira completamente amadora, mas vocês precisam acreditar quando eu digo que nós estávamos muito a frente de nosso tempo, misturávamos post-rock com bossa nova e nem sabíamos que éramos modernos. Mas como não tocamos mais, fico sozinho imaginando uma melodia triste e divagando, enquanto alongo o tema.
Preciso que você me desacelere, querida.
Diminua minha velocidade, pois tudo acontece tão rápido e tão profundamente que vivo em um estado perene de histeria e antecipação, levando o dia-a-dia ao extremo em suas nuances e acontecimentos corriqueiros. Fico cansado, e cansativo, com essa minha mania de ir ao fundo de tudo. Tudo muito sério e definitivo, por demais cansativo e pesado.
Preciso parar de pensar com o coração e de bombear o sangue com a cabeça (batendo com a cabeça), pois os dois estão doendo, e eu acabo sofrendo por amor, por saudade e por tristeza e pela antecipação de tudo, e não agüento mais esse meu jeito louco de viver. Kamikaze sorridente. Fazendo tudo errado, com tanta ânsia de viver o momento que acabo por precipitar o fim de meus momentos tranqüilos e pacíficos com uma intensidade sem medida. Como diz a Clara, sem sangue não tem graça, mas precisa ser sempre o MEU sangue? Quanto sangue ainda me resta a esta altura?! Não sei mesmo.
E você tem a chave para me ajudar, querida. Me ajudar a diminuir o volume, me ajudar a desacelerar a rotação da vida. Falando baixo, rouco e às vezes nem falando. Deixando as coisas para amanhã e dormindo um pouquinho no fim da tarde, enquanto a vida continua lá fora, somente lá fora. Minha cama tem agora o seu cheiro e fico com dó de lavar os lençóis.
Fico assim, sem jeito, te esperando e respirando fundo para controlar minha vontade louca de te ter, meu desejo desesperado por sua boca e seus olhos doces. Mas preciso desacelerar, ajustar a sintonia fina.
Começar a apreciar a paisagem, sem pressa. Curtir o ventinho no rosto ao invés de sufocar e aproveitar a viagem, demore o quanto demorar, tome o tempo que lhe for certo.
Slow me down, babe.Slow me down, and kiss me.
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quarta-feira, julho 14, 2004

Cinco pecados imperdoáveis:

1. Catchup com massa de molho branco.
2. Engravidar mulher de amigo.
3. Quebrar uma garrafa de Moscatel de Setúbal só de pirraça.
4. Mandar a avó tomar no cu.
5. Fingir orgasmo.
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sexta-feira, julho 02, 2004

República Pureza.

Segunda feira passada fui no show do Los Hermanos no Cine Íris onde foi gravado o novo DVD deles, República Pureza, pelo menos foi isso que eu li em uma claquete. Podem falar o que quizer, mas eu acho o Cine Íris um puta lugar, as festas nem sempre são boas, mas o ambiente é muito cool, literalmente agora com ar condicionado e banheiros decentes, o ar não dá conta mas algum dá no Rio?!
Dei um puta nó no trabalho, com aprovação de minha chefinha maravilhosa e fui pro Rio, de buzão executivo, gravata e tudo. Na bagagem uma herpes labial que comeu meu lábio inferior (Ai, como dói!) e Doze, do Nick McDonell, um bom livro mas que não é metade do que a crítica disse.
Os cariocas são meus “seres” prediletos, e devem ter achado que eu era paulista, ou idiota mesmo, pois tinha gente de chinelo e camiseta. É claro que fã dos Hermanos tem que ter essa coisa de “pureza”, cabelo despenteado, sainha de hippie, e barba por fazer. Um conhecido do Zé, grande Zé!, Tinha acabado de chegar da Europa e conheceu uma garota meio largadinha/gatinha que o chamou pra ir num show dos caras, ele pensou que seria fácil encontra-la, com aquele cabelão e as roupas de Bali, mas só acertou na oitava tentativa! “Você não é a...desculpe!” . E eu vestido pro show do Interpol.
O show foi foda, eles tocaram muito bem e tudo, só que o Amarante estava muito chapado, ou de drogas mesmo ou de estrelismo, pois ficou o show inteiro afinando a guitarra e reclamando do público, ele afinou aquela merda vinte vezes, e quando cansei de chamá-lo de João Gilberto (desculpe mestre), mandei ele quebrar aquela linda Fender Strato, o que obviamente ele não fez.
Os fãs são um show à parte, principalmente as “hermanetes” que estavam comigo, ou eu com elas, messiânicas, apaixonadas e performáticas. Além de cantar tudo e apoiar a banda com frases de efeito nos momentos certos, fazem coreografias das músicas! E quando eu berrei que o Bruno tinha errado, na frente dele e no meio delas quase fui linchado, haha...Sem noção! E ainda gritei “Sepulturaaa, Sepulturaaa!!!”. É verdade, eu sempre pago mico em show, e acabo enchendo o saco dos músicos, principalmente quando eles enchem o meu primeiro, foi mal.
Eles tiveram que repetir algumas músicas, e a segunda versão de “A Flor” foi perfeita. Messianismo à parte, eles são bons, demais até. E pagaram pau pro público tocando Pierrot no final, nós merecemos. Horas de espera, muita burro-cracia pra pegar os ingressos e as frescuras do Amarante mereceram um crédito especial.
Agradeço a Gabi, lindona, que me conseguiu o ingresso, com muito custo e encheção de saco. Valeu!
No dia seguinte, almocei no Shin Miura com minha irmãzinha arrasa quarteirão, e demos os roles tradicionais pelo centro do Rio. Camelôs, livrarias e cds. Mas eu estava completamente não-consumista e valeu pelo passeio mesmo. Só comprei o segundo livro da Clarah, “Das coisas esquecidas atrás da Estante” , que eu perguntei como Das coisas caídas atrás do armário, dããã, e tive que agüentar o vendedor da Travessa rindo de mim. Livraria foda! E me vinguei dele pedindo um monte de livros estranhos que eu não comprei.
Sobre a Clarah, nem é preciso falar muito, ela é simples, é direta, é eficiente, além de ser morenaolhosverdesnarizgrande, e é uma boa influência para que eu escreva mais, e quem sabe um dia eu não publico um livrinho lindo como o dela?! Me amarro nessa menina e ela nem sabe.
E a herpes acabou infectando, e além da boca inchada estou tomando antibióticos, que certamente não combinam com cervejas, vinhos e beijos.
Azar da minha boca, azar da herpes.
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quinta-feira, julho 01, 2004

Cinco coisas de que não preciso.

1. Muito dinheiro(graças a Deus).
2. Drogas pra me divertir.
3. Mensagens de pessoas escrotas que não tem o que fazer.
4. Sofrer e me fuder pra ser aceito pelas pessoas.
5. Limão e sal pra tomar tequila.
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