domingo, janeiro 23, 2005

Cinco coisas que não se pode deixar acontecer:

1. Permitir que estranhos te diminuam e te julguem.
2. Deixar o celular cair no vaso sanitário quando você vai fazer xixi.
3.Basear sua vida em relação a assaltos, políticos desonestos e criaturas afins.
4. Misturar roupas brancas e coloridas na máquina de lavar.
5.Gozar nos cabelos.
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terça-feira, janeiro 18, 2005

As lágrimas são sempre salgadas.

A tarde estava morna e ligeiramente abafada.
Ar condicionado ligado, como sempre, para evitar a poluição do trânsito sujando seu cabelo e os vendedores lhe incomodando nos sinais, nunca sabendo se queriam lhe vender balas e bugigangas ou roubar seu celular. Vida moderna, cidade grande.
Camila Maestrini estava entediada pelo trânsito de todos os dias, no mesmo percurso com os mesmos engarrafamentos e os mesmos idiotas buzinando e acelerando, como se por milagre todos fossem se evaporar de suas frentes, movidos pelo poder de suas buzinas e de sua impaciência.
Já eram quase seis da tarde e estava agora em seu penúltimo engarrafamento, sobre a Ponte Rio - Niterói, mais um pouco de trânsito em Icaraí e estaria em casa, um alívio. Ligou o rádio, para não se irritar mais com as buzinas idiotas.E distraída, olhando pro carro da frente, se surpreendeu cantarolando Black, do Pearl Jam.
Sorriu, pois tão estranha quanto a insistência da Rádio Cidade em tocar essa música todos os dias, a mais de dez anos, era sua incapacidade de enjoar dela, e devia ser o mesmo com a cidade toda, ela pensava, batucando no volante e cantando: “ Tattooed every day...”.
E enquanto se lembrava de tatuagens e flores de Lótus, percebeu um tumulto no carro da frente.
Um casal de meia idade, entre trinta e cinco e quarenta anos (isso mesmo, quantas pessoas de cem anos vocês conhecem?), discutia violentamente enquanto o homem dava socos no volante e a mulher chorava. A princípio Camila simpatizou com a mulher, pelos motivos óbvios, mas após alguns momentos ela viu que o tal cara não estava violento, mas sim desesperado e o carro se movimentava lentamente enquanto eles continuavam a brigar.
Novamente parados, a coisa começou a ficar feia de verdade, pois a mulher estava séria e o cara tinha um olhar de louco, com os olhos parados e injetados, ambos calados. Camila ficou com medo, pois conhecia aquele olhar e pegou o celular para discar para o Socorro da Ponte, temia por um assassinato na sua frente e nem tinha para onde fugir caso o homem fosse tomado por um furor assassino.
Desligou o som e o ar condicionado, abrindo seu vidro esperando ouvir o que eles agora falavam, mas não era possível ouvir tudo claramente embora ninguém buzinasse ali no Vão Central da Ponte, de onde podia se ver toda e extensão da fila de carros parados.
A mulher sacudia a cabeça negativamente e dizia algo olhando para baixo quando o homem gritou:
_ É claro que você tinha escolha!
Ela murmurava algo incompreensível e negava com a cabeça, novas lágrimas escorrendo pela face.
_Todo mundo tem escolha! Sempre!
E ela colocou as mãos sobre o rosto, soluçando. Camila tinha um nó na garganta e estava apertando o volante involuntariamente.
_ Quer ver? Vou te provar agora, eu tenho escolha! Ameaçou o homem abrindo a porta do carro.
A mulher tentou segura-lo e ele a empurrou saindo do carro e dando a volta pela frente rumo ao parapeito da Ponte. Em seguida tudo foi rápido e sem som algum além do vento sempre forte, como em um filme aos olhos de Camila, estática.
A mulher tentou agarra-lo após sair do carro, mas aquele a repeliu violentamente a jogando no chão. Ela desesperada gritava, mas Camila não distinguia nada enquanto o homem continua sua caminhada rumo ao beiral.
Com um pequeno salto ele subiu no parapeito e Camila pode ver seus olhos mareados e seus lábios que diziam:
_Eu também...Em resposta a sua mulher, enquanto se soltava no ar, rumo ao oceano e a morte rápida.
Camila teve calafrios e viu a mulher se colocar sobre o beiral, berrando por socorro enquanto algumas pessoas corriam em seu auxílio, mas ela não se jogaria, Camila sabia.
O trânsito se liberou e impelida pelas malditas buzinas contornou com dificuldade o carro do casal e seguiu seu caminho rotineiro, até seu apartamento.
Estava assustada, com um frio na barriga e os olhos ardendo.
Chegando em casa, seu cachorrinho Charlie, um Shitzu adulto, veio alegremente recebe-la, com os olhos sorridentes e dando pulinhos e latidos roucos.
E Camila Maestrini, ficou ali na porta da cozinha de seu apartamento, sentada no chão abraçada àquela criaturinha que lhe oferecia amor grátis, incondicional.
Charlie abanava a cauda peluda e lambia suas lágrimas que caíam em silêncio.As coisas são o que parecem. E não fazem o menor sentido.
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sexta-feira, janeiro 14, 2005

Correndo de volta pra casa.

Estava pensando em você hoje a tarde, querida.
A estrada estava ótima, limpa, o Sol se pondo e meu carro veloz voltando pra casa, para trabalhar mais. As últimas doze horas em trinta e seis horas de trabalho ininterrupto.
A música estava alta e isso me dava ânimo e vontade de correr mais, para o tempo correr rápido também e eu te ter perto de mim, mais rápido, mais perto.
Eu te aviso que essas coisas levam tempo para acontecer e comigo esse tempo foi longo, pelo menos me pareceram longos esses anos em que procurava alguém, em que procurava sentido nas pessoas, nas relações que vivemos no dia-a-dia, um sentido mais pessoal para ser melhor, além de mim mesmo.
Deixar alguém cuidar de mim, sabe?!
Eu tenho me cuidado bem, sou gentil e amoroso comigo mesmo, mas agora já está na hora de deixar alguém cuidar de mim de novo, de mostrar certas fragilidades que estão meio enferrujadas, escondidas na solidão e na rotina de sobreviver.
Eu te aviso que essas coisas levam tempo e que você não pode mais voltar atrás. Não há mais saída daqui, a não ser seguir em frente enquanto o destino nos aprouver.
Enquanto os dias nos permitirem nos admirarmos e nos assustarmos com a surpresa de viver esses dias.
Enquanto nós nos quisermos e nos desejarmos além de quaisquer realidades que possam dizer o contrário, e como eu te quero! Mais perto, sempre mais perto.
Então vem logo, gatinha.
Estou te esperando, todos os dias.
Você e suas palavras suaves e breves, infinitas e só minhas.
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domingo, janeiro 09, 2005

Vamos lá, agora é sério.

Senhoras e senhores, por favor prestem atenção. Nós estamos flutuando no espaço.
Tudo está mudando agora, então tenham cuidado a cada passo, prestem atenção pois tudo está mudando.
Novamente.
Reclamo de muitas coisas na vida, e posso reclamar mesmo de algumas delas, mas de tédio eu não posso me queixar. Tédio em minha vida é praticamente inédito.
A Gabriela André a cada semana me pergunta sobre as novidades, esperando por histórias que movimentaram minha vida nos últimos dias, o Wans até sabe e diz: “O que você aprontou nessa semana?”. E não é por exagero ou excesso de zelo que eles fazem isso, as coisas são assim pra mim mesmo, se não prestar atenção não sei nem responder.
Mas dessa vez, é uma daquelas grandes mudanças, com promessas para os próximos anos, de coisas que vão ter resultados a curto e a longo prazo. E eu ainda não sei avaliar até onde isso irá.
Estou sendo vago, mas não é por mistério ou suspense, simplesmente está tudo em movimento e eu estou atento para não perder nada.
Estou bem, e isso é importante.Tenho boas pessoas a meu lado, me ajudando e isso é importante demais.Estou gostando de uma menina, e ela também gosta de mim, e isso não sai da minha cabeça.
Caras, esse ano vai ser foda.
Estou pagando pra ver. Alguém quer apostar?!
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