quinta-feira, dezembro 29, 2005

Obituário.

Essa segunda feira, 26, foi marcante pelos piores motivos.
José Antonio e Cláudio, duas pessoas próximas morreram.
Zé, um menino de 18 anos, foi vítima de leucemia e do desejo de passar o Natal na casa de seus pais. Passou mal, mas não quis vir ao hospital porque não desejava ser internado no Natal, e se afastar de casa. Morreu sem ver o Mar, sem fazer faculdade, sem ter um amor na vida. Deixou pai e mãe, pessoas singelas e humildes.
Cláudio, com mais ou menos 30, cometeu suicídio com um tiro no peito. Era uma pessoa com dinheiro, amigos, esposa e muita cultura, mas profundamente triste e desesperançado. Sempre que eu chegava no plantão tinha que expulsa-lo da minha cama onde ele dormia de meias, cheias de talco antichulé e ele tinha chulé, e babava no meu travesseiro também. Morreu triste e achando que tinha fracassado.
Deus se existe algum, prefere os inocentes e os suicidas, e eu espero do fundo do meu coração que exista algum deus nessa porra de universo maravilhoso e caótico, e espero também que esses dois saibam que são os preferidos dele.
Por favor, não deixe esses meninos perdidos por aí, sozinhos...por favor...

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quarta-feira, dezembro 28, 2005

O inferno é para os heróis.

A história de 2005 está chegando ao fim. Esse foi um ano em que eu prometi que seria feliz, eu disse que este seria o meu ano. Bem eu fui feliz sim, algumas vezes. Mas foi um ano cheio de tristezas também, cheio de distância e melancolia.
Foi o ano de amar mulheres excepcionais, de machucar algumas delas e de ser machucado por outras. Nesse ano as mulheres foram o pivô de meu céu e meu inferno, nunca me apaixonei tanto e quis com tanta força, mas deixei cair. Elas se foram, todas, mas eu continuo com o coração em chamas, como em uma tatuagem New School, com pardais e tudo.
Foi nesse ano que vim morar no Rio, onde vi meu amor pela cidade ruir entre as grosserias do cotidiano, a violência e o transito infernal. Muitas meninas bonitas, muito tiro na madrugada e as pessoas meio tristes e distantes, desesperadas e chapadas. O Rio exacerba minha loucura e me deixa assim, sem saber direito o que fazer.
Foi nesse ano que vivi essa coisa de não precisar de muito dinheiro pra viver numa boa, apertei o cinto e me adaptei, claro que parei de comer salmão e beber cerveja irlandesa, mas rolou uma Guiness de brinde no Shannanigans, uma visita ao Miura e muitas cervejas geladas com os amigos, muitas risadas e alguns porres memoráveis.
Eu vomitei no carro da Fabiana, quase esfaqueei a Kate, dormi de gravata, trabalhei muitos dias de ressaca e até cheguei bêbado no trabalho um dia, as sete da manhã. Deus protege os bêbados e os inocentes.
Rolou o show do Placebo e do Arcade Fire, e os dois foram de deixar maluco, cantar, dançar e explodir de alegria.
Fui na praia uma vez, podem me sacanear, mas foi muito bom, em um dia muito lindo, pena que fiquei bem ardido no dia seguinte e o Roberto, despreparado, ficou como um camarão.
Trabalhei pra caralho, dirigi pra caralho, em estradas quentes, na chuva, de noite, sozinho, mal acompanhado, com medo e triste e com pressa. Ouvindo música alta, cantando e batendo no volante e chorando também, muita música boa, embora as caronas às vezes não concordem, mas time de fora não dá pitaco.
Nesse ano perdi uns amigos que não eram amigos, mas me tornei mais amigo dos meus amigos, o Roberto e a Gabriela, esses dois loucos que riem comigo e de mim, que se divertem e se preocupam comigo, que me dão força e amparo e são companhia sempre. A melhor companhia que eu poderia ter na vida!
Morei com minha irmã Camila e vi que apesar de ter muita preguiça é uma pessoa muito melhor do que poderia imaginar, uma alma como a minha, a pessoa que mais me conhece e se assemelha a mim, minha alma gêmea. A cigana russa mais linda do mundo!
Foi um ano muito bom, e ainda falta muita coisa pra entrar aqui.
Recebi a ajuda de estranhos, que se tornaram amigos e fonte de inspiração, Fabiana, Denise, Tatiane e toda turma foda do NESSA, vocês foram o melhor da festa!
E 2006 será um ano novo, novo porque vou vive-lo de forma diferente, vou vive-lo com mais calma, com mais silêncio, solidão e um pouco mais de grana também. Vou amar mais e vou continuar dando notícias.
Eu tenho tudo, e não me falta nada, na verdade até falta um pouco, mas isso já é outra história, e nem é muito boa.
E se você quiser me dar alguma coisa, me dê um beijo, um abraço e um até logo!
Até logo...

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sábado, dezembro 10, 2005

Carinha nova.

Você não errou de blog!
Dei uma mudada na cara do meu filhinho porque, vocês devem ter reparado, o template antigo já tava dando pau, e fiquei com medo de acabar perdendo algum post, ou sei lá.
Como não sei nada de HTML, e não confio nos meus amigos que dizem que sabem, somente escolhi um template novo no Blogger.
Acho que ficou bonito, ficou sim.
Tá acabando o ano...
Tá acabando tudo.
Lá vamos nós de novo!

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sábado, dezembro 03, 2005

Macacos me mordam, eu sou um escritor!

Eu escrevo sobre muitas coisas, a maioria delas se repete. Eu escrevo sobre a minha vida, sobre a sua vida, sobre a vida dos outros, sobre ninguém e sobre todo mundo. Eu escracho minhas intimidades, invento histórias, troco personagens, exagero meus amores, meus ressentimentos. Faço milagres com o cotidiano e tragédias com coisas casuais e sem importância.
As pessoas ficam apavoradas, ficam surpresas, ficam tristes e putas da vida, apaixonadas e decepcionadas. As pessoas ficam distantes e não me entendem, e algumas até me escreveram mensagens pra me elogiar ou pra me ofender, só respondi aquelas que me interessaram.
Eu me torno um escroto, um canalha completo, um fofinho, um desesperado, um ingrato, um filho da puta, mentiroso, salvador de um destino sem graça, um homem sensível e consciente, um patético plagiador egocêntrico redundante. A melhor coisa que te aconteceu. Eu me torno o que você quiser, querida, mas e você?
Você ri, você chora, você goza, se diverte, você sonha, se apavora, você me pede em casamento, foge pra casa da sua mãe, me ama e não atende as minhas ligações. Você me abandona, me liga de madrugada bêbada, e me pede pra sumir, eu fui a pior decepção da sua vida, o amor que você sempre esperou.
E eu?
Eu continuo vivendo essa guerra sem fim, sobrevivendo, eu aprimoro a minha sensibilidade, meu gosto e meu senso estético. Eu me recolho, sumo da face da Terra e fujo pras Montanhas (tão distantes Montanhas Azuis, onde estarão vocês?!), eu destruo minha saúde com as bebidas e com a ansiedade, eu tatuo meu corpo todo, me torno um monge Zen, eu procuro a paz em meio ao ódio e a loucura suicida/canibal da sociedade média do Rio de Janeiro. Uma coisa muito específica.
E eu vou me tornar aquilo que eu sempre quis ser, cada vez mais mansinho, mais quietinho, mais loucão. O volume do mundo abaixa, o meu aumenta. Minha vida é boa, é bela, é complexa.
E eu também.
Caramba...eu também...

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sexta-feira, novembro 25, 2005

Cinco coisas que permanecem após sua partida:

1. As músicas maravilhosas do Arcade Fire.
2. A reaproximação com minha enteada Amanda Dias.
3. Os biscoitos integrais de Castanha do Pará.
4. A constatação de que eu mesmo tenho que guardar meus próprios sonhos bons.
5. A certeza de que tudo foi intenso demais, rápido demais, triste demais.
E me permito a primeira exceção:
6. O Guardador de Rebanhos de Fernando Pessoa, e toda sua emoção...
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sábado, novembro 12, 2005

E dirijo por muitas horas sem me cansar.

O frio de hoje tornou-se insuportável. O ar úmido da noite deixa tudo grudento e gelado, parece que se pode cortar o ar se sua faca estiver afiada o suficiente. E eu odeio o inverno, eu odeio o frio. Principalmente quando estamos em Novembro.
É claro que o calor também me provoca desconforto, dormir com trinta e seis graus, sem ar condicionado, sem vento e com uma mulher resmungando do seu lado não é lá uma situação invejável, e elas sempre resmungam e meu colchão sempre tem defeitos. É muito mole, é muito duro, é muito baixo, blablabla, mas quando se acostumam, é a melhor cama do mundo e dormem dez horas por dia.
Estou de luvas, gorro, casaco e o ar quente do carro está ligado, o que deixa o interior com um leve cheiro de meia usada assada, é estranho, eu sei, mas é exatamente esse cheiro que preenche minha pequena ilha de calor móvel. Ela ao meu lado fica assoando seu nariz em intermináveis bolinhas de papel absorvente, bolinhas que encheram a lixeira, a lateral de sua porta e agora todo o assoalho do meu carrinho, tão sofrido. E como ela se ofende se eu lhe peço pra jogar aquelas coisas pela janela ou na beira da rodovia. Eu não quero contribuir para o aumento da poluição ambiental, eu não quero contribuir para o enfeiamento das estradas do Brasil,e o que me importa se meu carro se parece com um absorvente gigante, com leve odor de Aloe Vera, misturado com meias usadas assadas? Consciência ambiental pode ser um saco.
Ouço rock no cd, intermináveis coleções de Post Rock em mp3. Mogwai, A Silver Mount Zion. Godspeed You! Black Emperor, Sigur Ros, Red Sparrow. Canções intermináveis, melodramáticas, repetitivas. Música pra estrada, para viajar e deixar a cabeça leve e sem muito foco, além do horizonte e do eventual tráfego, que nesses cafundós são eventuais mesmo. Ela se queixa, resmunga e assoa o nariz. Música chata pra caralho! Ela diz e dorme e funga. Pobrezinha, presa pelo cinto de segurança, pelo excesso de agasalhos, a gripe e a falta de um destino certo.
Na verdade me admira a coragem dessa menina, que confia em mim quando eu lhe peço, que acredita nas minhas verdades e entende o que quero lhe dizer quando lhe falo sobre proteção e segurança. Por mais frágil que ela se diga, sua fibra pode ser palpada facilmente sob sua pele morena e suave, são músculos forjados pelo trabalho, pelo sofrimento e por uma vida não muito boa, não muito generosa. Mas que ficou lá no passado, que está ficando a cada quilometro mais longe de nós.
E o absurdo de tudo se transforma em algo belo, em alguma coisa digna de orgulho repleta de significado. Vejam quantos símbolos: a estrada reta e interminável, nós dois unidos nessa vastidão plana, o calor entre nós dois enquanto o frio torna o mundo feio e triste. Ela ronca eu não reclamo, eu peido ela não reclama...
E eu finalmente consigo sorrir, olho para ela do meu lado, dormindo com a boca aberta, ressonando levemente. A minha doce namorada, que eu conheço tão bem. Tudo está certo, eu digo para ela há algum tempo, a gente só não entende direito o porque das coisas, mas eu nem quero entender essa porra toda, não mais. Tudo está certo eu repito, ela abre os olhos e me diz que está louca pra comer e fazer xixi. Já estamos chegando, eu digo e ela dorme.
Sei que mais a noite não sentirei o frio, embalado pelo seu corpo em uma cama qualquer de um hotelzinho qualquer, em uma cidade qualquer que não importa.
Importa a estrada. Importa o caminho sempre a frente e o destino que é certo, embora desconhecido.
Importa o presente. E esse é meu amigo.

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sexta-feira, novembro 04, 2005

O tempo passa, o tempo voa...

Meus amigos, meus queridos amigos anônimos.
Já estamos em Novembro, penúltimo mês de 2005. E daqui a duas semanas faço 33 anos de vida.
Já faz quase dois meses que não posto (que verbo horrendo) nada por aqui, não por falta de emoções, ou aventuras ou quaisquer coisas que valham aqui ser relatadas, mas por uma falta de tempo mesmo, aquele bom tempo em que ficamos a pensar na vida, tentando dar motivos a nossas fraquezas, tentando dar um motivo pra toda essa vida.
O Mondo Fantasma se mantém, suas amarras ainda se encontram bem fixas a nossa realidade cotidiana e não vou desistir desse meu filhinho assim tão fácil.
Estou ficando velho, estou ficando calvo, a vida tá passando rápido e eu continuo me fodendo pra tudo isso, com o perdão de minhas más palavras.
Depois do aniversário eu volto.
Espero que vocês estejam por aqui ainda. Grande abraço!
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sábado, setembro 03, 2005

Sábado pela manhã e tudo faz sentido.

Hoje é um daqueles dias em que a vida está forte demais.
Fica um grito atravessado na garganta, uma risada pela metade, um choro preso, uma vontade de falar coisas pelas quais eu poderia ser enforcado em alguns países, uma vontade de me apaixonar só pra te perder de novo, e depois começar tudo de novo, again.
Hoje é um dia pra ficar emocionado e encher a cara, pra ficar com meu filho por perto e brincar de carrinho, hoje é um dia perfeito prum banho de cachoeira, pra tomar umas porradas do mar, pra sentir aquele gosto de sal que tanto me lembra do gosto de sangue.
Estou escutando música alta hoje, The Editors, e o som é bom, grave, emocional e intenso. Toco air guitar, canto junto e me sinto o mais ridículo dos indies, me divertindo sozinho com uma coisa tão simples.
Mas só estou sozinho, por causa de míseros 130 kilômetros que me afastam de minha heroína suave com nome suicida, mas isso também é passageiro, eu sei.
Mas não estou sozinho, não hoje porque sei que todos os desesperados pela vida estão aqui comigo, enlouquecidos por tudo isso que nunca acaba, mas que sabemos que vai acabar terminando um dia, mesmo que seja hoje, enfim não importa. A vida é sonho, é luta, é um engodo, uma guerra diária, sei lá, mas vamos vivendo o melhor que podemos.
E vamos tentando sonhar com uma felicidade que chega um dia, assim que o imposto de renda me esquecer, assim que você vier pra mim, assim que eu largar tudo de novo e for viver com meus cachorros em algum lugar com grama verdinha e com vento nas árvores à tarde.
Hoje é um daqueles dias infernais em que sinto que vou explodir de tanto amor, de tanta paixão, de tanto êxtase por viver uma vidinha louca tão maravilhosa.
Hoje é um dia bom pra morrer.
Hoje é um daqueles dias especiais, e vou aproveitar tudo que eu puder.
O Sol está saindo por detrás das nuvens, cães se deitam preguiçosos, algum pássaro canta enquanto as crianças correm e se divertem pelas ruas.
E tudo isso está repleto de mim, sou eu...
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segunda-feira, julho 11, 2005

Bagatelas!

A notícia é um pouco velha, mas o importante é estar aqui.
Agora seu um blogueiro publicado. Bem, não é em um livrinho bonitinho de papel ainda mas fui publicado na Bagatelas, revista multi-midia.
É um projeto do Mestre Rafael Vidal, o último filósofo de botequim do Rio, old school mesmo e graças a ele e sua iniciativa existe o site e agora a revista em formato de cd-rom.
Ouve uma festa de lançamento do Passo Imperial, aqui no Rio e foi um lance foda, com samba de raiz, cachaçinha e maior galera, pena que eu estava trabalhando...vida dura.
Agora vocês podem ir até a página da Bagatelas, no link ao lado, e conhecer outros loucos presunçosos como eu.
Até o final desse ano deverá sair a versão impressa da Bagatelas, e isso eu aviso com antecedência.
Agradeço todos os elogios recebidos e a Mestre Vidal e toda turma que faz o que quer e se fode pro resto!
Respeito!!!
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sábado, julho 09, 2005

Cinco coisas boas que não valem nada:

1. Elogio de madrinha.
2. Conselho do melhor amigo.
3. Perder uma namorada mas manter uma boa amizade.
4. Ser considerado um bom escritor de blog.
5. Algodão doce.
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quarta-feira, junho 01, 2005

Um sonhador implacável.

As emoções me mantêm em movimento.
São o vento, as ondas que me sustentam e movem através dessa vida tão intensa.
Um barco solto, a deriva. Um veleiro branquinho e sem ancora, com grandes velas infladas e sem bússola, sem porto. Sim eu sei, eu me amo de verdade.
Mas eu me lembro da tarde em que ela disse que pensava em mim.
Era uma conversa casual, descontraída e cheia de risos e “viagens”, num boteco qualquer. E ela falou que no meio de um filme se lembrou de mim e ficou alegre, porque sabia que eu reagiria da mesma forma que ela, emocionada e tensa de beleza.
Estava caindo uma chuvinha sem vergonha, daquela fininha e gelada que deixa tudo meio indefinido num fim de tarde, entre as luzes amarelas dos postes e dos faróis dos carros, as coisas meio cinzas e tristonhas, as pessoas de cabeça baixa e andando rápido. E ela ficava falando e falando, arrumando os cabelos e me olhando, olhando...A vida inteira estava ali, comprimida naquele momento, a um braço de distância do meu destino.
Fiquei ali sorvendo todos os detalhes daquela hora tão bonita, quando soube que uma pessoa tão cheia de vida perdia alguns momentos de seus dias pensando em mim.
E somos todos iguais, eu sei.
Tão pobres de nós mesmos. Tão atentos aos nossos defeitos e fraquezas, ignorantes da nossa própria vida, que continua passando sempre tão rápida e com os vidros fechados. Porque tanta dificuldade em acreditar que podemos funcionar, em aceitar que temos pelo menos o direito de sonhar que poderemos ainda ser felizes, antes que tudo isso acabe?
Quando me lembro dela eu a imagino no cinema, com aquela luz azulada bonita sobre seu rosto, e de repente, com algumas lágrimas nos olhos, ela se lembra de mim e sorri.
Doce e discreta.
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terça-feira, abril 26, 2005

Coisa linda essa vida de merda.

Como vocês devem saber, agora eu moro no Rio de Janeiro já há quase dois meses, e não tenho tido tempo nem disposição para escrever. Algumas linhas, algumas idéias soltas sempre rolam, mas nada de concreto.
Vocês devem estar imaginando que entre as festas, as baladas e as mulheres enlouquecidas eu me perco e não alcanço mais o teclado, mas não é nada disso que tem rolado, na verdade estou naquele ritmo completamente casa-trabalho-casa, e sem nem ao menos o conforto das drogas socialmente toleradas pra me consolar no oblívio de toda essa rotina esmagadora.
Não me queixo (na verdade me queixo sim), porque tudo isso foi minha idéia, é a realização de um desejo antigo e mais que necessário para o meu amadurecimento pessoal e profissional, mas caramba! Como é difícil crescer, como dói crescer.
E o que mais me cansa é a falta do lar, sabem?! Com aspas, “O Lar”, onde somos desnudados de nossas couraças, máscaras e somos somente essa coisinha pequena que somos de verdade, sem pudor nem constrangimento. São sete noites na semana e eu durmo em cinco camas diferentes, e isso é estressante, vocês nem imaginam.
E me surpreendo apegado a essas idéias de “lar”, me vejo triste acordando em hospitais e quartos antigos e impessoais, e me revolto por não conseguir aproveitar essa falta de laços, essa “liberdade” vadia, que me condena e deprime e não posso negar que Sartre tinha razão novamente, aquele cretino.
Um caminho existe, eu sei e ele sempre aparece onde menos se espera, vejam a Gabriela André, por exemplo, só encontrou o rumo de casa depois que lhe roubaram o carro, e acabou descobrindo o valor daquelas coisas que são feitas de sonhos, e quem sabe do que os sonhos são feitos?
Eu descobri que sei sonhar de novo, descobri que posso e tenho esse direito, mas como não li a cartilha inteira ainda não sei bem onde encaixar as peças, mas as vou guardando enquanto a hora não chega.
Chegará o dia, eu sei, e aí vou dar uma galopada no final da tarde, só pra relaxar os nervos e esticar as costas. Chegará o dia...
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sexta-feira, março 25, 2005

Cinco coisas que as mulheres fazem que não tem o menor sentido:

1. Fingir orgasmo.
2. Querer comer uma coisa qualquer que elas não sabem o que é. Mas que é muito gostoso.
3. Se decepcionar quando não fazemos o que elas querem, mesmo sem saber ou ter qualquer pista sobre o que elas querem.
4. Perguntam se estão engordando e ficam putas se concordamos e desconfiam se negamos.
5. Fazem depilação na virilha com cera quente, tiram a sobrancelha com pinça, engravidam e tem filhos, menstruam todos os meses até a velhiçe, vivem de sete a dez anos a mais que os homens e ainda tem a cara de pau de se dizerem o sexo frágil. Isso sem contar pintar o cabelo, as unhas, usar salto alto e as calcinhas enfiadas...hahaha, caraca, eu adoro vocês...
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segunda-feira, março 14, 2005

Eu não quero ser o John Malkovich.

A redundância continua sendo um dos meus graves pecados literários, bem, depois da pretensão. Mas não escrevo tanto assim, para me considerar tão repetitivo. Prefiro me considerar levemente obsessivo com relação a minha vida e minha auto importância. Mas vamos aos fatos.
Minha vida é foda!
Sem brincadeira, sem afetação, sem auto propaganda enganadora e forçada pra comer garotinhas.
É tudo tão emocionante, tão maravilhoso que chego as raias da histeria frente a tudo que vivo nesses dias. São muitas emoções, muitas emoções com reticências.
Amanhã eu estou de mudança para o Rio de Janeiro. Depois de um ano de atraso, e um mês de luta com uma imobiliária neurótica, pois algumas instituições adquiriram certos vícios sociais modernos, como o imposto de renda e seu sadismo capitalista, finalmente estou de partida.
Minha mudança já foi, minha irmã Camila já está lá e agora vou eu. Em meio a insegurança, um pouco de medo, mas muita euforia frente a tudo que se descortina para esse ano.
Os novos amigos, a falta de grana, as multas de trânsito,os chopps salvadores, os engarrafamentos intermináveis, as viagens solitárias de carro, os cinemas de verdade, as meninas cariocas falando chiado ( Sorry babe, hehehe), cara, tudo será bom, tudo estará certo.
A Mariana Sierra tinha razão, como ela sempre disse, ela já sabia!
Tudo está certo.
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sexta-feira, março 04, 2005

Hedonismo é pecado?

Eu gosto de café, preto, forte e com pouco açúcar. Eu gosto de cigarros com cheiro doce, mas não gosto muito de fumar.
Eu gosto de comer bem, coisas gostosas e bem feitas e de beber vinho e ficar alegre e tonto e de transar depois e dormir junto. Gosto de beijar na boca pela manhã, sem escovar os dentes, de apertar as coxas e segurar firme nos peitos e apertar os braços, de deixar marcas roxas e arranhões no pescoço.
Gosto de mulher, gosto muito de mulher. Não a ponto de querer ser uma, mas não consigo viver sem companhia feminina, sempre boas companhias com certeza. Gosto de juventude, de beleza e força. Gosto de carinho e de toque e de estar próximo e junto de verdade.
Gosto de banhos de cachoeira, manhãs de Sol, gosto de ouvir pássaros cantando, e tudo que é natural e simples. Gosto de animais, de seu amor gratuito, de sua companhia incondicional, de ter de quem cuidar. E tenho tido vontade de ter um cavalo um dia.
Gosto dos meus amigos, de ser útil e faze-los rir com minhas palhaçadas, gosto de conversas inteligentes e de ouvir pessoas falando sobre algo que elas realmente conhecem. Gosto de pessoas inteligentes e educadas. E gosto tanto de educação e gentileza, que sou capaz de me comover com os mais singelos atos de atenção e consideração.
Gosto dos meus amigos, mas as vezes eles não são meus amigos e aí não tenho mais nenhum motivo para gostar deles. Gosto de ficar sozinho as vezes, de silêncio e de ficar pensando nas coisas. Gosto de ouvir música alto e ficar tocando air guitar e cantar junto.
Gosto de mudar, de trocar de opinião, de ser uma coisa hoje e outra amanhã. Gosto de fazer surpresas e dar presentes fora de hora, só para ver aquele brilho infantil nos olhos, aquela centelha de inocência que nunca morre.
Gosto de filmes de guerra, e de livros sobre guerra e de jogos de guerra. Sobretudo sobre a Segunda Guerra Mundial e tudo que foi feito para destruir o mal do Terceiro Reich. Gosto de espadas e facas e de tudo que pode tornar um homem mais capaz e independente.
Gosto de ser quem sou.
Gosto da minha vida. E fico pasmo e sem voz toda vez que tento entender essa loucura que é minha vida, que tento saber de onde vem todo esse amor e aonde será que esse rio vai desaguar.
Gosto de me sentir grato e de dizer obrigado e de me desculpar quando acho que preciso.
Eu gosto sim.
Gosto muito mesmo e vamos indo...
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quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Em boa companhia.

Eu conheci uma menina de 23 anos.
Vinte e três anos vejam vocês, é uma idade linda, interessantíssima. Uma menina com essa idade já não é uma menina, é uma mulher jovem. Essa idade transmite vitalidade, frescor e juventude, é anterior aos vícios da vida adulta, anterior ao cinismo corrosivo que se entranha nos corações mais velhos, é anterior a solidão profunda de ser adulto e sonhador num mundo onde Peter Pan já foi enterrado e comido pelos vermes.
Eu conheci essa menina, e acabei me perdendo em todo esse mistério e revolução que é ser jovem e não ter medo, ser invencível. E isso é uma droga altamente viciante, a beleza e a juventude.
Ela é minha amiga, mais profunda e intensa amiga. E sua solidez me parece com uma rocha no meio do oceano, um lugar pra tomar fôlego e continuar. Um lugar bravio e perigoso como seus olhos, mas que também oferece segurança e descanso, como seus braços fortes.
É claro que a tristeza já passou por sua vida, o abandono e a solidão não lhe são estranhos, já chorou e já sofreu como uma santa, e tem suas cicatrizes pra provar que sobreviveu a tudo de ruim que uma vida pode nos dar, aqui mesmo dentro de nossas casas.
Eu tenho um afeto inimaginável por essa menina e sonhar com ela é sonhar em ser livre, um pássaro solitário sobre o mundo todo, e com ela permaneço nesse estado de leveza e potencialização de tudo em mim que é bom e positivo.
Sozinhos, nós permanecemos juntos.
E uma vida é pouco pra tanto amor.Curahee...
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domingo, janeiro 23, 2005

Cinco coisas que não se pode deixar acontecer:

1. Permitir que estranhos te diminuam e te julguem.
2. Deixar o celular cair no vaso sanitário quando você vai fazer xixi.
3.Basear sua vida em relação a assaltos, políticos desonestos e criaturas afins.
4. Misturar roupas brancas e coloridas na máquina de lavar.
5.Gozar nos cabelos.
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terça-feira, janeiro 18, 2005

As lágrimas são sempre salgadas.

A tarde estava morna e ligeiramente abafada.
Ar condicionado ligado, como sempre, para evitar a poluição do trânsito sujando seu cabelo e os vendedores lhe incomodando nos sinais, nunca sabendo se queriam lhe vender balas e bugigangas ou roubar seu celular. Vida moderna, cidade grande.
Camila Maestrini estava entediada pelo trânsito de todos os dias, no mesmo percurso com os mesmos engarrafamentos e os mesmos idiotas buzinando e acelerando, como se por milagre todos fossem se evaporar de suas frentes, movidos pelo poder de suas buzinas e de sua impaciência.
Já eram quase seis da tarde e estava agora em seu penúltimo engarrafamento, sobre a Ponte Rio - Niterói, mais um pouco de trânsito em Icaraí e estaria em casa, um alívio. Ligou o rádio, para não se irritar mais com as buzinas idiotas.E distraída, olhando pro carro da frente, se surpreendeu cantarolando Black, do Pearl Jam.
Sorriu, pois tão estranha quanto a insistência da Rádio Cidade em tocar essa música todos os dias, a mais de dez anos, era sua incapacidade de enjoar dela, e devia ser o mesmo com a cidade toda, ela pensava, batucando no volante e cantando: “ Tattooed every day...”.
E enquanto se lembrava de tatuagens e flores de Lótus, percebeu um tumulto no carro da frente.
Um casal de meia idade, entre trinta e cinco e quarenta anos (isso mesmo, quantas pessoas de cem anos vocês conhecem?), discutia violentamente enquanto o homem dava socos no volante e a mulher chorava. A princípio Camila simpatizou com a mulher, pelos motivos óbvios, mas após alguns momentos ela viu que o tal cara não estava violento, mas sim desesperado e o carro se movimentava lentamente enquanto eles continuavam a brigar.
Novamente parados, a coisa começou a ficar feia de verdade, pois a mulher estava séria e o cara tinha um olhar de louco, com os olhos parados e injetados, ambos calados. Camila ficou com medo, pois conhecia aquele olhar e pegou o celular para discar para o Socorro da Ponte, temia por um assassinato na sua frente e nem tinha para onde fugir caso o homem fosse tomado por um furor assassino.
Desligou o som e o ar condicionado, abrindo seu vidro esperando ouvir o que eles agora falavam, mas não era possível ouvir tudo claramente embora ninguém buzinasse ali no Vão Central da Ponte, de onde podia se ver toda e extensão da fila de carros parados.
A mulher sacudia a cabeça negativamente e dizia algo olhando para baixo quando o homem gritou:
_ É claro que você tinha escolha!
Ela murmurava algo incompreensível e negava com a cabeça, novas lágrimas escorrendo pela face.
_Todo mundo tem escolha! Sempre!
E ela colocou as mãos sobre o rosto, soluçando. Camila tinha um nó na garganta e estava apertando o volante involuntariamente.
_ Quer ver? Vou te provar agora, eu tenho escolha! Ameaçou o homem abrindo a porta do carro.
A mulher tentou segura-lo e ele a empurrou saindo do carro e dando a volta pela frente rumo ao parapeito da Ponte. Em seguida tudo foi rápido e sem som algum além do vento sempre forte, como em um filme aos olhos de Camila, estática.
A mulher tentou agarra-lo após sair do carro, mas aquele a repeliu violentamente a jogando no chão. Ela desesperada gritava, mas Camila não distinguia nada enquanto o homem continua sua caminhada rumo ao beiral.
Com um pequeno salto ele subiu no parapeito e Camila pode ver seus olhos mareados e seus lábios que diziam:
_Eu também...Em resposta a sua mulher, enquanto se soltava no ar, rumo ao oceano e a morte rápida.
Camila teve calafrios e viu a mulher se colocar sobre o beiral, berrando por socorro enquanto algumas pessoas corriam em seu auxílio, mas ela não se jogaria, Camila sabia.
O trânsito se liberou e impelida pelas malditas buzinas contornou com dificuldade o carro do casal e seguiu seu caminho rotineiro, até seu apartamento.
Estava assustada, com um frio na barriga e os olhos ardendo.
Chegando em casa, seu cachorrinho Charlie, um Shitzu adulto, veio alegremente recebe-la, com os olhos sorridentes e dando pulinhos e latidos roucos.
E Camila Maestrini, ficou ali na porta da cozinha de seu apartamento, sentada no chão abraçada àquela criaturinha que lhe oferecia amor grátis, incondicional.
Charlie abanava a cauda peluda e lambia suas lágrimas que caíam em silêncio.As coisas são o que parecem. E não fazem o menor sentido.
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sexta-feira, janeiro 14, 2005

Correndo de volta pra casa.

Estava pensando em você hoje a tarde, querida.
A estrada estava ótima, limpa, o Sol se pondo e meu carro veloz voltando pra casa, para trabalhar mais. As últimas doze horas em trinta e seis horas de trabalho ininterrupto.
A música estava alta e isso me dava ânimo e vontade de correr mais, para o tempo correr rápido também e eu te ter perto de mim, mais rápido, mais perto.
Eu te aviso que essas coisas levam tempo para acontecer e comigo esse tempo foi longo, pelo menos me pareceram longos esses anos em que procurava alguém, em que procurava sentido nas pessoas, nas relações que vivemos no dia-a-dia, um sentido mais pessoal para ser melhor, além de mim mesmo.
Deixar alguém cuidar de mim, sabe?!
Eu tenho me cuidado bem, sou gentil e amoroso comigo mesmo, mas agora já está na hora de deixar alguém cuidar de mim de novo, de mostrar certas fragilidades que estão meio enferrujadas, escondidas na solidão e na rotina de sobreviver.
Eu te aviso que essas coisas levam tempo e que você não pode mais voltar atrás. Não há mais saída daqui, a não ser seguir em frente enquanto o destino nos aprouver.
Enquanto os dias nos permitirem nos admirarmos e nos assustarmos com a surpresa de viver esses dias.
Enquanto nós nos quisermos e nos desejarmos além de quaisquer realidades que possam dizer o contrário, e como eu te quero! Mais perto, sempre mais perto.
Então vem logo, gatinha.
Estou te esperando, todos os dias.
Você e suas palavras suaves e breves, infinitas e só minhas.
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domingo, janeiro 09, 2005

Vamos lá, agora é sério.

Senhoras e senhores, por favor prestem atenção. Nós estamos flutuando no espaço.
Tudo está mudando agora, então tenham cuidado a cada passo, prestem atenção pois tudo está mudando.
Novamente.
Reclamo de muitas coisas na vida, e posso reclamar mesmo de algumas delas, mas de tédio eu não posso me queixar. Tédio em minha vida é praticamente inédito.
A Gabriela André a cada semana me pergunta sobre as novidades, esperando por histórias que movimentaram minha vida nos últimos dias, o Wans até sabe e diz: “O que você aprontou nessa semana?”. E não é por exagero ou excesso de zelo que eles fazem isso, as coisas são assim pra mim mesmo, se não prestar atenção não sei nem responder.
Mas dessa vez, é uma daquelas grandes mudanças, com promessas para os próximos anos, de coisas que vão ter resultados a curto e a longo prazo. E eu ainda não sei avaliar até onde isso irá.
Estou sendo vago, mas não é por mistério ou suspense, simplesmente está tudo em movimento e eu estou atento para não perder nada.
Estou bem, e isso é importante.Tenho boas pessoas a meu lado, me ajudando e isso é importante demais.Estou gostando de uma menina, e ela também gosta de mim, e isso não sai da minha cabeça.
Caras, esse ano vai ser foda.
Estou pagando pra ver. Alguém quer apostar?!
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