sexta-feira, dezembro 31, 2004

Tudo bem, tudo azul.

O Pássaro Azul está cantando muito alto hoje, e eu não agüento mais segurar.
Ainda há tempo pra reparar meu último post, pra tentar dizer as coisas de um jeito melhor. Melhor pra mim mesmo, pro meu coração. Já que não é, para mim, possível levar essa atitude de revolta e amargura em frente por muito tempo. Não sem um ônus muito grande, e que não quero ter que pagar.
Eu preciso me defender um pouco das coisas, poupar meu coração e minha alma de tudo ruim que o dia-a-dia nos trás. Quando os amigos somem a troco de nada, quando as pessoas se tornam répteis brigando por migalhas, quando você se percebe sozinho e alheio a todos que estão a sua volta, como um alienígena, quando o próprio trabalho se torna um peso e uma chaga que não cicatriza. É nesses momentos em que preciso me proteger, mas sinceramente não consigo por muito tempo.
Tudo que eu quero, é o que todo mundo quer. Ser feliz, ter felicidade nos meus dias. Ver que as coisas estão funcionando, estão dando certo, sabem?!
Mas eu fico aqui, observando meus amigos e me sinto triste, pois todos estão tentando tanto, com tanto afinco, mas ninguém consegue. Eu sei que são as vidas de cada um, e eu não posso lamentar pela vida dos outros, não por coisas que eles não lamentam, mas é tudo tão difícil, tão duro e difícil, que às vezes eu não sei.
Minha família é formada por pessoas de coração partido, uns mais que os outros, mas todo mundo com o olho preto, todos meio machucados. Mas estamos tentando acertar uns com os outros e nos fortalecer, e vamos continuar tentando até tudo acabar.
Todo mundo tem que aprender um dia.
Aprender a lição sobre a vida, seus mistérios e tudo o mais.
Nesse ano eu tive que ir ao Inferno, pra poder me compor como ser humano, pra juntar alguns pedaços que estavam perdidos já há algum tempo. E isso foi bom, já que agora eu estou melhor, mas é ruim você se ver em uma situação tão desesperadora pra poder melhorar, deixa a gente meio inseguro, meio com medo.
Mas querem saber de verdade?
Eu vou continuar sendo o mesmo de sempre, vou tentar ser mais bonzinho ainda, ajudar mais as pessoas, me apaixonar mais e bancar o “sem noção” como nunca, pois são papéis que gosto de cumprir. Vou continuar com minha casa aberta, como meu coração aberto, pois eu tenho um coração inteiro e verdadeiro.
Tenho orgulho de tudo que sou e não me arrependo de nada.
E eu sei que vou dar certo, não tem outro jeito de viver a vida, a não ser fazendo as coisas darem certo.
Amo todos vocês, e vocês já sabiam disso desde o começo.
Deixa o Pássaro Azul cantar, deixa-o voar livre e sair por aí.
Pra mim ele sempre volta.
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Nem tudo deu certo.

2004 está acabando.
Mas como ainda faltam algumas horas estou na dúvida se fico dentro de casa, mas estou com medo de que uma Tsunami derrube meu prédio, mesmo estando a 100 kilometros acima do nível do mar. Com 2004 a gente não brinca...
Desejo aqui aos amigos, que o próximo ano seja melhor, pois será mais longo já que o Carnaval é na primeira semana de Fevereiro, e todos feriados caem no fim de semana ou na quarta-feira. Então tem que ser melhor, pois mais rápido não será.
Esse fim de ano foi uma bosta, desculpem o mal português. Mas só assim pra me referir a quantidade de trabalho e estresse que se acumulou nesses últimos meses, que me renderam queda profusa de cabelos, uma faringite monstro de duas semanas, uma amidalite bacteriana e pra fechar o ano uma gastrenterite...Parece lista de pragas do Moisés...
Dessa vez não vou ficar citando nomes, pois inicialmente são os mesmos citados anteriormente, e vocês estão carecas de saber quem são vocês e de sua importância para mim.
Tudo será melhor no ano que vem.
Eu reclamo, mas não desisto, eu choro, mas não me dobro, então se não for melhor, que se dane também, pois se 2004 já passou eu topo qualquer parada.
Um minuto de silêncio para todos os pobres que morreram na Indonésia, e para todos aqueles que lutam sozinhos...
Um brinde aos sobreviventes, e muita força, pois o pior está por vir...E que 2004 não volte nunca mais!
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sexta-feira, dezembro 17, 2004

Até que enfim é sexta-feira.

Estou cansado hoje. Cansado e de mal humor.
Faz muito calor e isso só piora as coisas; esse calor úmido de Dezembro que faz minhas roupas pesadas e meu rosto oleoso.
Preciso descansar e dormir por uma semana, pelado e sem telefones por perto. Mas eles continuam vindo até mim, e não respeitam meu cansaço.
Eu adoro gente, todo mundo sabe disso. Exatamente porque eu fico repetindo isso o tempo todo, mas há dias em que, meu Deus!, eu odeio todo mundo. E eles vem com seus sorrisos amarelos e suas queixas sem sentido e repetitivas. Todos são os maiores sofredores do mundo e fodam-se os outros e foda-se eu também e minha vida toda, somente por discordar deles. A “síndrome de coitadinho” que condena a humanidade a viver como bichinhos adestrados com pornografia e sedativos.E isso só aumenta meu tédio e meu cansaço enquanto continuo trabalhando o dia todo e noite adentro.
Hoje eu estou chato, então não me ligue por favor.
Minha prestadora de celular quer arrancar meu couro, por um erro deles e quando quero dividir a conta absurdamente alta, o sistema deles está inoperante, temporariamente. Que comédia! “ Ligue amanhã novamente, por favor e obrigado...blá, blá, blá...”. Ainda não recebi meu pagamento e nem sinal de décimo-terceiro salário.
E fico igual ao resto, resmungando e reclamando, e talvez escrever sobre isso alivie um pouco essa vontade de sumir, tirar o plug da tomada por uns dias, até que esse ano acabe. Isso é o diferencial entre o ser um bosta ou não, ter consciência de sua condição seja ela qual for.
E que esse ano acabe logo e não volte nunca mais!
Preciso de uma namorada nova, preciso de alguém mas estou com preguiça de ser bonzinho e sedutor. “Olha como eu sou legal e sensível e não vou te dispensar após transarmos...”. Cara, isso também é muito chato, muito entediante ter que provar pros outros o que eu sou e que qualquer um pode notar sozinho se tiver o mínimo de atenção ou interesse, mas todos tem pressa hoje, todos tem muito o que fazer.
E as meninas legais estão todas saindo com uns boçais tagarelas e superficiais, mas eles leram Dostoiévski e choram com a Florbela, e se alguém ainda cai nessa, o que eu posso fazer?!
Que se ferrem e venham chorando depois.
Continuarei aqui.
Envelhecendo e entediado, e espero que por muito tempo ainda.
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quarta-feira, dezembro 08, 2004

Passageiro de algum trem.

Sempre gostei de viajar. Nunca viajei o necessário pra me sentir perdido no mundo, habitante do mundo como naquela propaganda de cigarro cafona. Mas a estrada sempre me fez relaxar e me sentir bem humorado.
Não conheço um terço dos estados brasileiros, e nada da América Latina, mas já dei umas voltas por outros cantos meio loucos, pra saber que rodoviárias, aeroportos e lugares perdidos nos mapas são como se fossem minha casa também.
Experimentei solidão e saudades e medo, pela distância e pelas dificuldades, mas há alguma coisa que me atrai irremediavelmente para viajar, pegar um ônibus ou sair dirigindo pra conhecer outros lugares e muitas pessoas, sempre muitas pessoas interessantes e suas vidas comuns, mas diferentes e por isso fascinantes naqueles detalhes do dia-a-dia.
E isso torna meu lado voyeur mais agudo e perspicaz, pois enquanto uns observam pássaros eu observo pessoas, sem perversão alguma, ou muito pouca pelo menos. Um aeroporto, ou uma rodoviária grande como a de São Paulo é prato mais que cheio pra ficar sentado fumando e vendo as pessoas passarem.
Apressadas, cheias de malas cheias de coisas curiosas, meio assustadas ou meio desorientadas mesmo. É só ver uma figura interessante e logo já começo a babar, imaginando todos os motivos e histórias daquela viagem, daquele grupo ou das pessoas sozinhas mesmo, correndo pra algum lugar ou pra alguma pessoa. Não existe lugar mais transcendente, que me traga mais fascínio que estes, aonde todo mundo vai pra algum lugar, obviamente, mas que se cruzam ali, cada um na sua rota de busca ou fuga.
Às vezes acho que deveria fotografar ou tomar notas, mas isso mataria parte da magia, que acabo guardando só pra mim. Personagens que se constroem na minha cabeça louca, que se formam e somem na multidão anônima, acolhedora de todos nós, anônimos uns pros outros, mas cruzando-nos ali também, rumo àquilo ou àqueles que nos aguardam.
Mas o melhor talvez seja voltar, pois assim mantemos o referencial que dá as proporções de nossas aventuras, voltando zeramos o contador e podemos começar tudo de novo, com aquelas experiências e pessoas novas fazendo parte do nosso acervo pessoal e intransferível. Não viajo pra aprender nada, mas não perco nenhuma oportunidade de fazer algo novo, de conhecer e me misturar, dando o tempero desse amálgama que é minha vida, cada vez mais rica enquanto envelheço.
Mas é bom ter algum lugar pra voltar, um lar, uma raiz em algum canto.
Voltar pra casa é bom desde que Dorothy voltou pro Kansas batendo os calcanhares, lembram?
Não há lugar melhor que o lar.
Não há lugar melhor que o lar.
Não há lugar melhor que o lar...Toc-toc.
Mas sem apego, docinho. Sem apego...
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quarta-feira, dezembro 01, 2004

Cinco condições para ser um pássaro solitário:

1. Ter o bico sempre apontado para cima.
2. Voar sempre ao ponto mais alto.
3. Não ansiar por companhia nem de sua própria espécie.
4. Não ter cor definida.
5. Ter o canto mais suave.
( homenagem a Don Carlos Castañeda)
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