quinta-feira, agosto 26, 2004

Mamãe mandou eu ser feliz.

Minha mãe mandou eu ser feliz.
Eu precisei pedir muito, e até fazer um pouco de chantagem emocional, mas após negar um pouco, quase 32 anos, ela finalmente permitiu.
Disse, “Então vai menino, não liga pro que seus amiguinhos vão falar, mas tenta ao menos ser feliz, põe um sorriso nessa cara e vê se escova os dentes antes de dormir, e não toma sereno sem agasalho”.
Agora estou aqui, me sentindo um perfeito pateta, com aquela sensação de que não devia ter saído da cama. Nos últimos quatro anos. Sabe aquele clip do Daft Punk, com o garoto com cara de cachorro com um rádio quebrado e gesso numa perna?! Eu sou aquele cara, vivendo em uma cidade grande à noite, só que o mundo todo é uma cidade grande e é sempre noite, e minha perna está latejando. Acho que vai fazer frio de novo, que saco.
E eu me admiro com minha própria ingenuidade. Admiro-me, e me entristeço, pois é dolorido demais ser assim. Mesmo após todos esses anos na Big City, após anos de traição, fracasso e decepções (como um verdadeiro Tennenbaum), eu continuo acreditando na redenção do amor e em algo nessa vida que faça tudo isso valer a pena. Meu nome agora é Dogboy Tennenbaum, um idiota ouvindo eletro com o botão do volume quebrado, e manco.
Mas a batida não para.
Tum, Tum, Tum!
Socando na mente e deixando todo mundo louco a minha volta.
E quando a situação fica ruim, como tem estado nesses dias eu vou logo dizendo na cara, “Pode rir, pode chorar, não interessa, minha mãe deixou eu ser feliz, porra!”. E a batida não para.
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sexta-feira, agosto 13, 2004

Cinco coisas muito ruins:

1. Tomar soco no nariz.
2. Mulher com dor de cotovelo.
3. Ter vizinhos suingueiros e que ouvem pagode.
4. Acordar pelado e de ressaca do lado de uma pessoa desconhecida e com mal hálito.
5. Pagar imposto de renda.
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domingo, agosto 08, 2004

Tudo por uma vida menos ordinária.

Eu particularmente não acredito em sentido da vida.
Não acredito em uma explicação, em um objetivo explícito para a vida, não enquanto objeto do viver pelo menos. Mas sem muita viagem, sem muita metafísica.
A Mariana escreveu que talvez o sentido de tudo seja o sexo, a finalidade de tudo que experimentamos e buscamos. Muitas voltas pra sempre terminar do mesmo jeito, bem, não exatamente do mesmo jeito mas envolvendo os mesmo jogos, gemidos e secreções afinal.
Eu particularmente gosto muito de sexo, mulheres sempre foram o ponto central de todos os meus problemas e soluções, sempre me trazendo e me levando do céu para o inferno, sempre donas do meu coração. Mas o sexo, pelo sexo apenas, me parece agora uma coisa meio sem alma, sem uma finalidade em si, pois são poucos minutos de prazer para muitas horas de arrependimento, e acreditem, não importa a força de nossa concentração e o poder de nossos desejos, a mulher nunca vira pizza após uma trepada casual. E fica aquele mal estar tipo, vem cá me dá um beijo! e você pensando na pizza.
Vejo estas pessoas pobres e doentes que convivem comigo no dia-a-dia, e não posso deixar de pensar no "sentido" destas vidas cheias de privações e dificuldades. Algumas pessoas com tanta doçura, brincando com carrinhos usados e sem roda, e outros tão perdidos entre dores na alma e um vazio que não pode ser resolvido por analgésicos ou anti-depressivos. Porra, às vezes é foda mesmo, muito difícil conviver com tantas dificuldades fazendo tão pouco, dividindo somente alguns momentos nos quais tentamos, sem proselitismo ou idealismos babacas, fazer alguma, qualquer diferença nessas vidas tão duras e fazias de afeto. E eu sei, no fundo que o que faço não é pouco e faz diferença.
A Gabriela, minha comparsa mais fiel e amiga mais profunda, divide comigo além de muitas histórias loucas e furadas inacreditáveis nas quais nos metemos, a profissão e trabalhamos juntos uma vez por semana, por vinte e quatro horas contínuas. Muitas vezes nos irritamos um com o outro e poucas não foram os palavrões e xingamentos com que nos tratamos, mas de definitivo existe aquela cumplicidade fatal, que nos faz muito pouco condescendentes com as fraquezas um do outro, embora caiba aqui também uma compreensão profunda das mesmas.
No fundo, somos meio proscritos na nossa profissão, por pensarmos mais, sentirmos mais e também querermos mais da vida do que conforto e tranquilidades passajeiras. Já choramos muito, e vimos o pior que nossas vidas pode nos dar até hoje, e no final percebemos que não há um sentido pra isso tudo.
Não há explicação ou justificativa que satisfaça, então melhor sair por aí vivendo apenas, errando e tentando não se repetir demais, não propositadamente pelo menos.
E esse texto é pra você Gabi, minha amiga. Que divide comigo o melhor que posso fazer, que me vê errar e falhar, mas que sabe que estou tentando cara, de verdade. Tentando com tudo que tenho.
Esse texto é pra você e pra mim, um lembrete de que coisas boas podem durar e talvez até durarem para sempre, até o fim e daí começarmos de novo e de novo e de novo...
Sobreviver é nossa maior vingança.
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domingo, agosto 01, 2004

Cinco coisas inúteis:

1. Se arrepender de ter tomado a décima sétima cerveja.
2. Ter dó das criançinhas que passam fome na África.
3. Pagar análise para ex-mulher.
4. Amigos internéticos.
5. Me pedir pra abaixar o som e falar baixo.
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