segunda-feira, outubro 13, 2008

Cinco Absolutos, um engov e a conta, por favor.

1. ignorância.
2. solidão.
3. desespero.
4. ilusão.
5. cornitude descoberta.
me envie um e-mail

sexta-feira, setembro 19, 2008

Porto de que mar.

- Você está com aquele cheiro de novo.

- Estou?

- Hum-rum... principalmente na nuca... disse ele preguiçosamente enquanto cheirava seus cabelos. Cheiro de mar.

- Maluquice sua, essa coisa de ficar sentindo cheiros, parece um perdigueiro me farejando. E ela deu um pequeno sorriso, carinhoso, tentando disfarçar sua melancolia.

Ela levantou-se lentamente, após arrumar seus cabelos pretos, e nua, foi até o guarda-roupa de onde tirou uma garrafa empoeirada de vinho do porto.

- Quer um pouco? Perguntou ainda de costas.

- Que bunda maravilhosa...o quê?!

- Vinho. Quer um pouco?

- Não, vou ficar só vendo você beber.

Ela se serviu em uma pequena taça de cristal, com uma caravela desenhada, o logotipo de alguma vinícola portuguesa, e foi até a janela por onde entrava uma leve brisa noturna, um pouco fria mas confortável.

Ela sabia que ele a observava da cama naquela luz amarelada, que emprestava um tom meio antigo às coisas, e não conseguia conter em seu peito aquela sensação de desespero.

Um desespero pela vida, pelo mundo e por tudo o que podia estar realizando, se não fosse a própria vida a lhe atrapalhar com suas obrigações, suas escolhas forçadas e papéis e máscaras e dominós que não faziam o menor sentido, eram idiotas e lhe irritavam.

E ficava calada, com seu coração pulando e berrando no peito e ficava calma, com sua vontade de viver tudo, de ser tudo o que ela era, e ela era muito, de verdade.

E a melancolia a arrastava até o consolo de uma pequena taça rubra de vinho do porto no meio de uma noite fresca.

- Quando sinto esse cheiro de mar em você e te vejo assim longe, pensando com essa taça na mão, sinto uma saudade tão grande que me dá vontade de gritar. Penso numa costa nevoenta, fria e com uma montanha lá no meio do mar, sozinha e gigante e quase invisível, igual a você.

- ...

- ...

Sem se virar, uma lágrima cai no vinho e sua superfície se ondula levemente, como as ondas na baía de Cancale.


me envie um e-mail

quinta-feira, setembro 04, 2008

Tédio e iluminação são a mesma coisa.

Laura era uma menina normal.

Apesar de tudo que ela pensava sobre si mesma, era normal. Havia a baixa auto-estima, a sensação de não ser interessante para ninguém, a solidão. Uma de nós, mais uma de nós.

Só uma coisa a diferenciava, o tédio.

Seu Guru sempre a repreendia por isso, o homem tinha verdadeiras crises, exacerbando a parte lunática de sua filosofia Zen-Lunática, fazendo falar até juntar aquela baba branca e espessa nos cantos da boca.

O tédio era um novo “pecado capital”, caso pecados existissem, era uma afronta as emoções constantes de uma vida verdadeira, era uma cuspida na cara da liberdade de informações, opiniões, sexualidade e de cardápios vegetarianos no Outback.

Mas Laura não podia fazer nada a respeito, a coisa vinha lentamente, calma e quando percebia, ela já se encontrava imersa no mar cinzento do mais profundo tédio.

Tudo mudava nesses momentos, era como se o volume do mundo baixasse, as pessoas falavam e suas vozes diziam nada, as músicas, os filmes, tudo se tornava plano, unidimensional e sem graça. Até os rapazes eternos algozes e salvadores de seus dias, se tornavam opacos e previsíveis, com seu falatório inútil e sua falta de jeito e cuidado. Laura se calava, se isolava e escrevia, toneladas...

E após alguns dias, após se manter em profundo silêncio, as coisas voltavam a ser interessantes, as pessoas misteriosas e sua vida voltava a rotação normal. Laura se tornava infeliz.

Certo dia seu Guru lhe contava sobre quando se perdeu nos Himalaias, entre as maiores plantações de maconha do mundo, vivendo bebendo a água do degelo do Annapurna Sul e comendo folhas de maconha com granola caseira velha, que ele sempre carregava, e de como após os dias, o mundo parou e tudo começou a ser simplesmente como é. Quando foi achado por seus amigos, antes do inverno, estava calmo e sua serenidade mostrou a todos que ele se tornara agora um Guru.

Ouvindo aquela história louca e inverossímil ela reconheceu alguns sentimentos e sensações, mas foi retirada dessas divagações ao perceber que o homem estava tomando todo o seu delicioso e caro frapê de capuccino, enquanto ela viajava, e isso devia ser algum tipo de ensinamento Zen-Lunático, algo como um “foi na roça e perdeu a carroça” espiritual.

Laura ficou curiosa, e iniciou um processo de observação sobre si mesma, e quando tudo começou mais uma vez ela estava lá para ver.

Estava sentada na cozinha tentando arduamente almoçar, enquanto sua mãe falava em sua cabeça, palavras e palavras e palavras desperdiçadas sobre ela e de repente, ao final de um longo suspiro, clássico do tédio, as coisas mudaram. Sua mãe não era mais chata, só estava insegura e com medo da solidão e do envelhecimento, inevitáveis.

Laura se levantou, tocou seu rosto e disse:

- Calma mãe, estou aqui e entendo você. Tá tudo certo.

A mulher se calou, formaram-se lágrimas em seus olhos, mas Laura embora surpresa continuou calma. Deu seu sorrisinho amarelo número três, e saiu pelas ruas.

As coisas estavam lá e elas eram o que eram. Não havia mistério porque tudo simplesmente estava ali, sem sentido, sem confusão, tudo era lindo e completo. Laura teve vontade de chorar, mas se lembrou que seu rímel não era a prova d’água e adiou sua emoção para mais tarde.

Foi até seu Franz Café favorito e lá estava o Guru, como sempre, só que tomava uma garrafa de vinho tinto às três horas da tarde.

Quando a viu, levantou-se e fez uma mesura formal e espalhafatosa.

- Oi locão!

- Olá professora, você finalmente chegou!!!



me envie um e-mail

terça-feira, julho 15, 2008

vazio. repleto de coisa alguma.

Agora era só o vazio, repleto de coisa alguma.
Novamente, seu velho conhecido retornara.
Talvez nunca a deixasse.
E se jamais a abandonasse?
O que faria? Continuaria, simplesmente existindo, dilacerada por dentro.
Ou esperaria a dilaceração secar-se e transformar-se em uma pedra. Porque isso inexoravelmente acontece.
Uma pedra em seu peito, bem, o que é uma pedra senão um vazio? Retornamos novamente ao tão familiar vazio. A vida tem disso mesmo, quando acreditamos que está se transformando, dá uma volta e retorna ao mesmo lugar de onde partimos. Aí surge a questão: então por que não ficamos sempre parados, já que sempre voltamos ao mesmo lugar? Não daria no mesmo? Não, não daria. Retornamos sim para o mesmo lugar, mas não somos os mesmos ao retornar. E essa é a questão e não vem ao caso agora. Retornemos ao vazio e às voltas.
Mas será que a vida fica assim, repetindo-se monótona e eternamente? Sim, não é justo. Mas o que é justo? Diga-me, por favor.

Justiça não existe nesse mundo. Pelo menos não no dela. Inclusive ela só a conhece de nome, de ler seu significado no minidicionário Aurélio – fora um dever de casa da época do colégio. Talvez ele esteja errado. Não o mundo, o dicionário. Ou serão os dois? Ah, mas certamente o mundo está errado, isso é óbvio demais. Já bem dizia um finado amigo: “só sei que o mundo não é minha casa”, chegara a essa conclusão ao ser indagado se o mundo seria a casa do amor ou do ódio. Fora brilhante com tal resposta, pondo fim a uma questão que já durava alguns anos e incontáveis noites sem dormir.
Mas voltando ao vazio, se o mesmo está repleto de coisa alguma, pode ser considerado vazio? Desejava todos os dias que seu coração estivesse repleto de coisa alguma. Mentira.
E se nada jamais desse certo? E se o significado fosse exatamente a ausência de significado? Tudo
em vão. Sempre.
Seria uma profissional brilhante, era inevitável. Ela tinha o dom, sabem. Digamos que sua profissão era o único amor de sua vida que daria certo. E quanto a isso não havia dúvidas, o vazio nem se interessava. No fundo sabia que não teria vez. Mas de que adianta tudo isso, se não há com quem compartilhar? Vitória do vazio então?
Mas quanto ao seu coração... Ah!! Esse era um prato feito.
Era com gosto que a desiludia vez atrás outra. E se não era ela quem se desencantava de seu amor, era seu amor que se desencantava dela e sem encanto, coisa alguma resta. E isso não parava nunca. Quando acreditava que realmente seria, já não mais era.

Da varanda de sua casa, que, aliás, era a melhor parte do imóvel, a varanda, via-se o Cristo e o Pão de Açúcar. Debruçava-se e ficava olhando a formidável vista, tentando se convencer de que a vida é bela e de que realmente vale a pena, enquanto fumava um cigarro (pardone-moi mon amie). É, começara a fumar, graças a ele. Atrás do primeiro maço que comprara lia-se: “fumar causa abortamento espontâneo”. Foda-se, pensou, não estou grávida mesmo. Isso se algum dia for capaz de engravidar, pois às vezes duvidava se de suas entranhas poderia sair algo bom. Mentira.

É possível que fosse uma das pessoas mais sensíveis do mundo. Uma vez, ela se descrevera resumidamente como boazinha-sentimental. Acredito que não poderia ter se resumido melhor. Foi respondendo a uma pergunta dele: “e como são os cancerianos?”. Às vezes desejava ter ficado calada, ou respondido: “escrotos e cruéis”, mas não conseguiria. Era verdadeira demais pra fazer isso, mesmo sabendo que o mundo não merecia. A bondade estava encravada em seu âmago, por mais que às vezes a odiasse, era parte dela. Ou melhor, era ela.
E o pior foi a resposta dele: “ah, os escorpianos também, só que disfarçam”. Mentira deslavada. Ninguém disfarça o que não é. Não é possível esconder o que não se tem. Na verdade, esconde-se a inexistência. A falta, a ausência.
Ah, a ausência... Ela também já havia se acostumado à ausência de tanta coisa! Era melhor ficarem lá, caladas, remoer era doloroso demais e talvez ela não fosse tão forte assim. Talvez não fosse tão forte como sempre precisava ser. Talvez no fundo, lá no fundo mesmo, quisesse se entregar. Mentira. Só estava cansada mesmo. Cansada de sempre ser a única a lutar, e sempre sozinha seguia.
Ah, mas você reclama demais menina! Diziam. Você é uma menina linda e inteligente, tem uma carreira profissional invejável, o homem que não desejar uma mulher como você só pode ser louco. Bem, talvez todos sejam loucos então. Ou talvez a louca seja ela, o mais provável.

Era bem verdade que interessados não faltavam. Mas nenhum interessava. Encontrava-se em um período refratário absoluto. Eterno.
Todos vazios e superficiais. Encantados com sua cultura e sua beleza. E ela os ficava olhando e mais uma vez constatava que nada tinham que a atraia – talvez por não terem nada mesmo – além de prazer imediato, nada tinham a oferecer-lhe.

Uma vez apareceu um, por quem ela se apaixonara. Na verdade ela o amara de todo o coração. Mas ele amava uma idealização perfeita dela, e não ela. E não o real. Ele desejava o impossível, um sonho, uma idealização, a perfeição, sua salvação, enquanto ela desejava o real, o imperfeito, o humano, o que existia de verdade, ele simplesmente, com todos os seus defeitos incluídos no pacote.
Ele seguia então, eternamente insatisfeito e, por conseguinte, eternamente infeliz. Estufando o peito para dizer que o buraco negro estava ali como sempre esteve, que esse era seu destino, que sua vida jamais fora justa. Orgulhando-se de nunca cair, por mais que apanhasse e jamais parava de apanhar.
Essa era a diferença entre eles. Ela apanhava, caía, era destruída, renascia mais forte, destruía a agressão e seguia em frente, sempre. Sem mais apanhar. Não suportava o fatalismo que exalava de todos os poros dele. E ele não percebia, não conseguia ver que poderia fazer diferente, que o importante não era levantar a guarda para melhor agüentar o golpe, era golpear antes de levar o golpe, era atacar, mas para isso era preciso coragem e às vezes de muita. E entre ter tudo e o nada ter, apenas dele dependia.
Agora, ele não mais estava sozinho, ela estava a seu lado, segurando sua mão, mas ele não era capaz de vê-la. E ela não poderia lhe mostrar o que já estava em sua frente, ele teria que ver sozinho. Mas seus olhos estavam cegos. E ela não tinha forças para carregar um cego...
Por mais que isso a corroesse por dentro, ela não tinha forças; por mais que odiasse a inércia dele, ela não tinha forças; por mais que se indignasse com sua fraqueza, ela não tinha forças; por mais forte que pudesse ser, sua força nunca seria suficiente para levantá-lo sozinha. O máximo que poderia fazer era ajudá-lo a se levantar – e como ela queria ajudá-lo – mas ele queria continuar apanhando no fundo do abismo negro, sozinho, maldizendo a vida sem sentido que criara para si mesmo e se alimentando de suas desgraças.
E de que adianta tanta insatisfação se ela não o move, se não o desprende do chão, se não destrói esse maldito automatismo, se não é capaz de dar-lhe asas? Ela, no entanto, tinha umas asinhas, meio tortas, é bem verdade, mas que cresciam a cada dia e eram seu orgulho. Mas não era capaz de curar feridas de outro, por mais que o amasse. Não era egoísmo, mas cada um precisa de sua asa, não são emprestáveis, nem alugáveis, nem penhoráveis, nem vendíveis, nem transferíveis, nem qualquer coisa do gênero.

E a fumaça fedida invadia seus pulmões enquanto olhava para o Cristo. Redentor. E pensava em sua redenção imperfeita. Um dia, quem sabe, escreveria coisas felizes.




me envie um e-mail

quinta-feira, julho 03, 2008

Genealogia da mudança.

Nos próximos dias vamos nos mudar de novo, já mudamos na verdade.

Isso mesmo, não é um flash back, nem notícia requentada, é uma novidade, legítima!

E essas mudanças de domicílio, constantes e sempre tão cansativas me remetem a mudanças metafísicas, constantes e cansativas mas que pelo menos entre um estofamento rasgado e alguns copos quebrados criam uma expectativa positiva e curiosa: “o que será que vai acontecer agora?”

Digamos que tudo deu errado.

A casa não ficou pronta.

A obra ficou mais cara do que o imaginado, sempre fica, agora eu sei.

E a convivência com os vizinhos, de todas as esferas existenciais, provocaram em um mês um grau tal de estresse e desconforto que entre uns chopps e um arroz de pato nos decidimos “- vamos embora!”.

E aí surge aquela sensação que meus antepassados deviam conhecer bem entre “pogrons” e outras perseguições, vamos embora sim, mas e depois?

E o coração salta e dá arrancos no peito, as mãos ficam suadas e a boca seca, pois eu não sei como será, mas estamos juntos, então tudo está certo, mesmo que dê errado de novo.

Certo e bom, pois esse “mudar”, essa divina inquietação, essa insatisfação benevolente, é que nos impulsiona e torna o exílio em lar. Que faz a insegurança e a instabilidade serem os pesos que nos mantém equilibrados, porém sempre em movimento nesta dança cósmica sobre a corda bamba. Se parar cai meu irmão.

Meus avós fugiram da Rússia bolchevique para a América, só que foram enganados e acabaram na América errada, a do Sul. Eram russos e judeus e pobres, mas fingiam que eram outra coisa. Só não esqueceram, mesmo fingindo tanto a ponto de não saberem do que fugiam, que eram sobreviventes e sobreviveram. E são esses os genes que me ordenam a não temer as mudanças acima de todas as coisas e acho que eles acabaram na América Certa, afinal.

E foi assim que a história começou...


...

(DIGA A ISRAEL QUE MARCHE!)


me envie um e-mail

sexta-feira, junho 27, 2008

Abre a janela

- Abre a janela! Eu quero respirar esse ar poluído...

E com os vidros abaixados por inteiro, sentia os dedos do vento acariciarem seu cabelo. Era grande a felicidade de finalmente poder respirar aquela fumaça laranja, que alegrava suas narinas, sua traquéia e seus pulmões.

Estava em casa.
Talvez isso fosse tudo o que importasse.

Era estranho como há 10 anos tudo o que mais quisera era ir embora e nunca mais voltar, e agora reencontrava tudo em seu exato lugar. Tudo onde sempre esteve. Tudo onde deixara. A diferença era interna, onde ela se encontrava agora.

Os motoristas, as pessoas, os vendedores, até mesmo os flanelinhas pareciam mais educados, mais civilizados, algo bucólico até.

Seu carro transitava pelas ruas e não se deparava com buzinas ofegantes, grandes grosserias ou congestionamentos intermináveis. Era só ela e a rua e o carro. Tá certo, e distraídos motoristas de ônibus. Até o asfalto parecia saldá-la como se fosse um tapete, sem buracos ou remendos.

Jardins, bosques, praças iluminadas, telhas coloniais cobrindo pontos de ônibus, plantinhas penduradas em postes, morros sem favelas, rios sem margem de cimento, eram essas as imagens que tocavam sua retina.

Estava em casa, enfim.

me envie um e-mail

domingo, maio 25, 2008

Uma rápida retrospectiva com alguns meses de atraso.

Foi um tempo rápido que passou, tão rápido que nem houve tempo de se documentar os fatos conforme iam ocorrendo, não houve muito tempo para meditações ou reviews filosóficos e especulativos, o “se” esteve ausente e dele não se sentiu falta alguma, pelo menos em relação aos momentos mais recentes dessa história.
Essa que eu conto aos pedaços aqui e vocês lêem meio confusos aí, enfim...
Foi um ano meio hedonístico/epicurista, onde busquei sedimentar minha relação amorosa, com muitas comemorações, bebidas boas, comidas bem feitas e felicitações e brindes apaixonados e vocês sabem como essas coisas devem ser feitas. Agora eu uso uma aliança na mão direita e em breve me casarei, em breve!
Reencontrei meu grande amigo, meu parceiro e filósofo particular, Roberto de Nigris, e foram mais comemorações e brindes e conversas loucas e muito divertimento, pois “a gente se diverte”, inúmeros atos de franca pirataria, momentos iluminados e as leituras embriagadas de Jack Kerouac e Sutras e poemas esquecidos que vocês deviam ter visto. Em um dia ele foi um conselheiro da amizade bêbada e eu um rabino budista de araque e acabamos na Internet, boas histórias...
Voltei para o NESA e lá é simplesmente o lugar onde me tornei um médico de verdade, o melhor ambiente de trabalho, a melhor equipe e os melhores pacientes imagináveis. Eu amo aquele lugar, amo o Pedro Ernesto com suas paredes sujas, suas árvores que crescem sorrateiras pelos beirais das janelas, a chuva que faz aquele prédio balançar e quase nos afoga a todos. E os cafés no meio da manhã, pra não infringir as regras do sindicato, com meu chefe Henrique, que é uma daquelas pessoas que sempre te surpreendem, sempre. Um Wagneriano, um intelectual, médico genial, homem de bem e que sabe bastante de muita coisa. Era só fazer uma pergunta e ficar vendo o homem falar, às vezes eu anotava a bibliografia, mas nem sempre, uma pena.
A Gabriela engravidou, sofreu e a Sophia nasceu bem, pra alegria e tranqüilidade de todos, depois de meses de expectativa e clausura de sua mãe, que agüentou firme o tranco, e foi um tranco e tanto, peste de menina!
A Camila mudou, e brigou comigo e choramos juntos e bebemos juntos e ela mudou de novo e bebemos e choramos juntos e bem a maneira dos antepassados, só não me lembro da ordem dos fatos com clareza, foram muitas vodkas e muitas gargalhadas cheias de lágrimas histéricas enevoando minha mente.
Ah, quase morremos no aniversário da Luiza, tomando uma dose muito forte de algo que não devia ser tão forte assim e derreteu nossos cérebros incautos em plena segunda feira à noite, vadios irresponsáveis da louca sabedoria. Fomos protegidos pelos Bodhisatvas caseiros e ficamos bem, como sempre ficamos quando estamos juntos. Essa é uma história que merece ser melhor contada, privilégio de poucos tolos que não sabem por onde andam, mas mesmo assim se divertem pelo caminho.
O Ricardo Tolomelli, nosso amoroso Guru, foi pra Europa e por lá ele vive agora, mas ainda desfrutamos de seu amor infinito e de sua sabedoria que é tão profunda que parece loucura, que é tão simples que parece complicada, mas que nos toca no lugar certo e não podemos mais ser como éramos antigamente, é verdadeiramente um Iluminado, e é meu amigo de infância, muito foda isso!
E 2007 foi meu último ano no Rio de Janeiro, mas isso eu conto depois...


me envie um e-mail

sábado, maio 03, 2008

Um pouco de paciência, por favor.

Por motivo de força maior estou temporariamente afastado da net, e não confio nem um pouco nessas lan houses que pedem meu cpf e minha identidade e depois tem acesso a todas as minhas senhas e acesso as minhas contas na Ilhas Canárias.
(fato desconhecido pelo IR e pela minha ex mulher)
Paranóia??? T.O.C.??? não, não. Sou só eu mesmo.
Enfim, eu volto e espero que em breve, "um dia" segundo o meu pedreiro...
Eu volto, e tudo será diferente.
Melhor.
Mais calmo...mas só por enquanto.

me envie um e-mail