quinta-feira, dezembro 29, 2005

Obituário.

Essa segunda feira, 26, foi marcante pelos piores motivos.
José Antonio e Cláudio, duas pessoas próximas morreram.
Zé, um menino de 18 anos, foi vítima de leucemia e do desejo de passar o Natal na casa de seus pais. Passou mal, mas não quis vir ao hospital porque não desejava ser internado no Natal, e se afastar de casa. Morreu sem ver o Mar, sem fazer faculdade, sem ter um amor na vida. Deixou pai e mãe, pessoas singelas e humildes.
Cláudio, com mais ou menos 30, cometeu suicídio com um tiro no peito. Era uma pessoa com dinheiro, amigos, esposa e muita cultura, mas profundamente triste e desesperançado. Sempre que eu chegava no plantão tinha que expulsa-lo da minha cama onde ele dormia de meias, cheias de talco antichulé e ele tinha chulé, e babava no meu travesseiro também. Morreu triste e achando que tinha fracassado.
Deus se existe algum, prefere os inocentes e os suicidas, e eu espero do fundo do meu coração que exista algum deus nessa porra de universo maravilhoso e caótico, e espero também que esses dois saibam que são os preferidos dele.
Por favor, não deixe esses meninos perdidos por aí, sozinhos...por favor...

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quarta-feira, dezembro 28, 2005

O inferno é para os heróis.

A história de 2005 está chegando ao fim. Esse foi um ano em que eu prometi que seria feliz, eu disse que este seria o meu ano. Bem eu fui feliz sim, algumas vezes. Mas foi um ano cheio de tristezas também, cheio de distância e melancolia.
Foi o ano de amar mulheres excepcionais, de machucar algumas delas e de ser machucado por outras. Nesse ano as mulheres foram o pivô de meu céu e meu inferno, nunca me apaixonei tanto e quis com tanta força, mas deixei cair. Elas se foram, todas, mas eu continuo com o coração em chamas, como em uma tatuagem New School, com pardais e tudo.
Foi nesse ano que vim morar no Rio, onde vi meu amor pela cidade ruir entre as grosserias do cotidiano, a violência e o transito infernal. Muitas meninas bonitas, muito tiro na madrugada e as pessoas meio tristes e distantes, desesperadas e chapadas. O Rio exacerba minha loucura e me deixa assim, sem saber direito o que fazer.
Foi nesse ano que vivi essa coisa de não precisar de muito dinheiro pra viver numa boa, apertei o cinto e me adaptei, claro que parei de comer salmão e beber cerveja irlandesa, mas rolou uma Guiness de brinde no Shannanigans, uma visita ao Miura e muitas cervejas geladas com os amigos, muitas risadas e alguns porres memoráveis.
Eu vomitei no carro da Fabiana, quase esfaqueei a Kate, dormi de gravata, trabalhei muitos dias de ressaca e até cheguei bêbado no trabalho um dia, as sete da manhã. Deus protege os bêbados e os inocentes.
Rolou o show do Placebo e do Arcade Fire, e os dois foram de deixar maluco, cantar, dançar e explodir de alegria.
Fui na praia uma vez, podem me sacanear, mas foi muito bom, em um dia muito lindo, pena que fiquei bem ardido no dia seguinte e o Roberto, despreparado, ficou como um camarão.
Trabalhei pra caralho, dirigi pra caralho, em estradas quentes, na chuva, de noite, sozinho, mal acompanhado, com medo e triste e com pressa. Ouvindo música alta, cantando e batendo no volante e chorando também, muita música boa, embora as caronas às vezes não concordem, mas time de fora não dá pitaco.
Nesse ano perdi uns amigos que não eram amigos, mas me tornei mais amigo dos meus amigos, o Roberto e a Gabriela, esses dois loucos que riem comigo e de mim, que se divertem e se preocupam comigo, que me dão força e amparo e são companhia sempre. A melhor companhia que eu poderia ter na vida!
Morei com minha irmã Camila e vi que apesar de ter muita preguiça é uma pessoa muito melhor do que poderia imaginar, uma alma como a minha, a pessoa que mais me conhece e se assemelha a mim, minha alma gêmea. A cigana russa mais linda do mundo!
Foi um ano muito bom, e ainda falta muita coisa pra entrar aqui.
Recebi a ajuda de estranhos, que se tornaram amigos e fonte de inspiração, Fabiana, Denise, Tatiane e toda turma foda do NESSA, vocês foram o melhor da festa!
E 2006 será um ano novo, novo porque vou vive-lo de forma diferente, vou vive-lo com mais calma, com mais silêncio, solidão e um pouco mais de grana também. Vou amar mais e vou continuar dando notícias.
Eu tenho tudo, e não me falta nada, na verdade até falta um pouco, mas isso já é outra história, e nem é muito boa.
E se você quiser me dar alguma coisa, me dê um beijo, um abraço e um até logo!
Até logo...

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sábado, dezembro 10, 2005

Carinha nova.

Você não errou de blog!
Dei uma mudada na cara do meu filhinho porque, vocês devem ter reparado, o template antigo já tava dando pau, e fiquei com medo de acabar perdendo algum post, ou sei lá.
Como não sei nada de HTML, e não confio nos meus amigos que dizem que sabem, somente escolhi um template novo no Blogger.
Acho que ficou bonito, ficou sim.
Tá acabando o ano...
Tá acabando tudo.
Lá vamos nós de novo!

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sábado, dezembro 03, 2005

Macacos me mordam, eu sou um escritor!

Eu escrevo sobre muitas coisas, a maioria delas se repete. Eu escrevo sobre a minha vida, sobre a sua vida, sobre a vida dos outros, sobre ninguém e sobre todo mundo. Eu escracho minhas intimidades, invento histórias, troco personagens, exagero meus amores, meus ressentimentos. Faço milagres com o cotidiano e tragédias com coisas casuais e sem importância.
As pessoas ficam apavoradas, ficam surpresas, ficam tristes e putas da vida, apaixonadas e decepcionadas. As pessoas ficam distantes e não me entendem, e algumas até me escreveram mensagens pra me elogiar ou pra me ofender, só respondi aquelas que me interessaram.
Eu me torno um escroto, um canalha completo, um fofinho, um desesperado, um ingrato, um filho da puta, mentiroso, salvador de um destino sem graça, um homem sensível e consciente, um patético plagiador egocêntrico redundante. A melhor coisa que te aconteceu. Eu me torno o que você quiser, querida, mas e você?
Você ri, você chora, você goza, se diverte, você sonha, se apavora, você me pede em casamento, foge pra casa da sua mãe, me ama e não atende as minhas ligações. Você me abandona, me liga de madrugada bêbada, e me pede pra sumir, eu fui a pior decepção da sua vida, o amor que você sempre esperou.
E eu?
Eu continuo vivendo essa guerra sem fim, sobrevivendo, eu aprimoro a minha sensibilidade, meu gosto e meu senso estético. Eu me recolho, sumo da face da Terra e fujo pras Montanhas (tão distantes Montanhas Azuis, onde estarão vocês?!), eu destruo minha saúde com as bebidas e com a ansiedade, eu tatuo meu corpo todo, me torno um monge Zen, eu procuro a paz em meio ao ódio e a loucura suicida/canibal da sociedade média do Rio de Janeiro. Uma coisa muito específica.
E eu vou me tornar aquilo que eu sempre quis ser, cada vez mais mansinho, mais quietinho, mais loucão. O volume do mundo abaixa, o meu aumenta. Minha vida é boa, é bela, é complexa.
E eu também.
Caramba...eu também...

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