sexta-feira, novembro 25, 2005

Cinco coisas que permanecem após sua partida:

1. As músicas maravilhosas do Arcade Fire.
2. A reaproximação com minha enteada Amanda Dias.
3. Os biscoitos integrais de Castanha do Pará.
4. A constatação de que eu mesmo tenho que guardar meus próprios sonhos bons.
5. A certeza de que tudo foi intenso demais, rápido demais, triste demais.
E me permito a primeira exceção:
6. O Guardador de Rebanhos de Fernando Pessoa, e toda sua emoção...
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sábado, novembro 12, 2005

E dirijo por muitas horas sem me cansar.

O frio de hoje tornou-se insuportável. O ar úmido da noite deixa tudo grudento e gelado, parece que se pode cortar o ar se sua faca estiver afiada o suficiente. E eu odeio o inverno, eu odeio o frio. Principalmente quando estamos em Novembro.
É claro que o calor também me provoca desconforto, dormir com trinta e seis graus, sem ar condicionado, sem vento e com uma mulher resmungando do seu lado não é lá uma situação invejável, e elas sempre resmungam e meu colchão sempre tem defeitos. É muito mole, é muito duro, é muito baixo, blablabla, mas quando se acostumam, é a melhor cama do mundo e dormem dez horas por dia.
Estou de luvas, gorro, casaco e o ar quente do carro está ligado, o que deixa o interior com um leve cheiro de meia usada assada, é estranho, eu sei, mas é exatamente esse cheiro que preenche minha pequena ilha de calor móvel. Ela ao meu lado fica assoando seu nariz em intermináveis bolinhas de papel absorvente, bolinhas que encheram a lixeira, a lateral de sua porta e agora todo o assoalho do meu carrinho, tão sofrido. E como ela se ofende se eu lhe peço pra jogar aquelas coisas pela janela ou na beira da rodovia. Eu não quero contribuir para o aumento da poluição ambiental, eu não quero contribuir para o enfeiamento das estradas do Brasil,e o que me importa se meu carro se parece com um absorvente gigante, com leve odor de Aloe Vera, misturado com meias usadas assadas? Consciência ambiental pode ser um saco.
Ouço rock no cd, intermináveis coleções de Post Rock em mp3. Mogwai, A Silver Mount Zion. Godspeed You! Black Emperor, Sigur Ros, Red Sparrow. Canções intermináveis, melodramáticas, repetitivas. Música pra estrada, para viajar e deixar a cabeça leve e sem muito foco, além do horizonte e do eventual tráfego, que nesses cafundós são eventuais mesmo. Ela se queixa, resmunga e assoa o nariz. Música chata pra caralho! Ela diz e dorme e funga. Pobrezinha, presa pelo cinto de segurança, pelo excesso de agasalhos, a gripe e a falta de um destino certo.
Na verdade me admira a coragem dessa menina, que confia em mim quando eu lhe peço, que acredita nas minhas verdades e entende o que quero lhe dizer quando lhe falo sobre proteção e segurança. Por mais frágil que ela se diga, sua fibra pode ser palpada facilmente sob sua pele morena e suave, são músculos forjados pelo trabalho, pelo sofrimento e por uma vida não muito boa, não muito generosa. Mas que ficou lá no passado, que está ficando a cada quilometro mais longe de nós.
E o absurdo de tudo se transforma em algo belo, em alguma coisa digna de orgulho repleta de significado. Vejam quantos símbolos: a estrada reta e interminável, nós dois unidos nessa vastidão plana, o calor entre nós dois enquanto o frio torna o mundo feio e triste. Ela ronca eu não reclamo, eu peido ela não reclama...
E eu finalmente consigo sorrir, olho para ela do meu lado, dormindo com a boca aberta, ressonando levemente. A minha doce namorada, que eu conheço tão bem. Tudo está certo, eu digo para ela há algum tempo, a gente só não entende direito o porque das coisas, mas eu nem quero entender essa porra toda, não mais. Tudo está certo eu repito, ela abre os olhos e me diz que está louca pra comer e fazer xixi. Já estamos chegando, eu digo e ela dorme.
Sei que mais a noite não sentirei o frio, embalado pelo seu corpo em uma cama qualquer de um hotelzinho qualquer, em uma cidade qualquer que não importa.
Importa a estrada. Importa o caminho sempre a frente e o destino que é certo, embora desconhecido.
Importa o presente. E esse é meu amigo.

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sexta-feira, novembro 04, 2005

O tempo passa, o tempo voa...

Meus amigos, meus queridos amigos anônimos.
Já estamos em Novembro, penúltimo mês de 2005. E daqui a duas semanas faço 33 anos de vida.
Já faz quase dois meses que não posto (que verbo horrendo) nada por aqui, não por falta de emoções, ou aventuras ou quaisquer coisas que valham aqui ser relatadas, mas por uma falta de tempo mesmo, aquele bom tempo em que ficamos a pensar na vida, tentando dar motivos a nossas fraquezas, tentando dar um motivo pra toda essa vida.
O Mondo Fantasma se mantém, suas amarras ainda se encontram bem fixas a nossa realidade cotidiana e não vou desistir desse meu filhinho assim tão fácil.
Estou ficando velho, estou ficando calvo, a vida tá passando rápido e eu continuo me fodendo pra tudo isso, com o perdão de minhas más palavras.
Depois do aniversário eu volto.
Espero que vocês estejam por aqui ainda. Grande abraço!
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