quarta-feira, dezembro 12, 2007

Ciatalgia.

Tanta a coisa a fazer e minhas costas doem.
Doem pra valer, quase dez dias de uma dor incomoda, em queimação, descendo pelas minhas costas até a perna. Há tanta coisa lá fora neste calor louco de fim de primavera no rio de janeiro, e estou aqui martelando esse teclado preto com no máximo quatro dedos, enquanto ouço IN/RAINBOWS do RA DIOHE_AD, que chega às lojas em 01.01.08, mas já toca aqui em casa e é bom, muito bom mesmo.
Não sou mais um tijolo na parede, não sou mais um número anônimo, não sou mais um titulo de eleitor sem cérebro, não sou um telespectador porra!!!
Temos que fazer nossas próprias músicas, escrever nossos livros e amar mais amores, ou mais os mesmos amores ou inventar novos e loucos amores enquanto a conta não chega. Teremos que voltar ao “Faça você mesmo” para termos alguma alma de volta as coisas?! Teremos que voltar ao “do it yourself” para termos alguma alma de volta as coisas, pois se não for a nossa não será a de ninguém, porque acho que na verdade as almas estão fora de moda nesses dias, é coisa de velhos gagás e sonhadores irresponsáveis, pena que minhas costas doem.
Estou contente com minha idade, trinta e cinco dá uma credibilidade, algumas rugas e uns cabelos brancos dão um ar de “eu sei do que estou falando mocinha”, desde que eu continue calmo, desde que eu mantenha minha voz sob controle e não gagueje. Estou magro, barbudo e tenho me vestido bem. Ainda dá pra usar boné sem parecer ridículo e ainda posso comprar um All Star de cano longo, ou mandar um Mad Rats quadriculado sem meia. Daqui a pouco isso passa.
Só não queria ficar mancando, mal humorado e não poder fazer as coisas que quero porque essa merda de dor fica me lembrando de que estou envelhecendo e isso sim é uma grande merda. Não envelhecer, mas não poder se esquecer disso.
A vida tá bombando.
Minimalista, psicodélica e religiosa, mas a batida não para...

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terça-feira, dezembro 11, 2007

Cinco regras para sobreviver no Rio de Janeiro:

1. Não seja gentil com estranhos. Gentileza gratuita será entendida como sinal de fraqueza e os fracos são punidos exemplarmente.
2. Se ouvir tiros ou algum pedido de socorro, ignore. Pois na sua vez, você será ignorado solenemente.
3. Nunca use a seta do carro para indicar mudanças na sua direção, os outros motoristas irão acelerar para bloquear seu caminho, não importa a distância que eles estejam.
4. Seja blasé, ignore as pessoas a sua volta sempre, interrompa quando eles estiverem falando ou simplesmente de as costas. Interesse pelo próximo somente quando houver sexo ou dinheiro envolvidos, ou os dois.
5. Torça para o flamengo, ache lindo o por do sol no arpoador, fique bêbado na lapa, fume maconha na praia, almoçe em ipanema, tome um café numa livraria no leblon, e tenha sua escola de samba de coração, assista filmes no grupo estação e finja que você não reconheçe o povinho da globo quando cruzar com um deles, enfim seja "carioca" broder e que se foda todo o resto...

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sexta-feira, dezembro 07, 2007

Pré Chorus.

Mais um ano chegando ao fim, mais um ano rápido, complexo, cheio de momentos memoráveis e uns até esquecíveis, mas enfim, mais um ano GRIMAN, ciganorussojudeulouco.
Este ainda não é o último post de 2007.
Este ainda não é um texto de adeus.
É apenas um recado aos amigos buscadores para que continuem buscando. Daqui a uns dias eu volto e aí a gente se acerta...

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sexta-feira, setembro 14, 2007

Sonho cadente.

Robertinho estava sentado na varanda de sua casa, como fazia todas os tardes naquele outono. Lia algo em um livro puído quando sentiu algo caindo entre as flores do jardim de sua mãe, não ouviu não barulho nem vira nada, mas sentiu algo como um suspiro e uma queda e foi verificar, movido por sua curiosidade de menino de dez anos.
E havia algo ali sim, era pequeno e discretamente colorido, algumas penas vermelhas, algumas esverdeadas e um longo bico negro. Um beija-flor estava ali entre as folhas secas e a terra preta, e Robertinho soube imediatamente que o pequeno pássaro não estava morto, pois embora se mantivesse imóvel havia uma vibração em seu corpo, quase imperceptível aos olhos, mas que mostrava que ainda havia vida ali.
Muito delicadamente ele o retirou do local de sua queda e correndo pra dentro chamou por sua mãe para que o ajudasse a fazer algo, e ela sempre tão ocupada lhe disse que o animal não sobreviveria.
Vai morrer de fome, ou frio. Disse.
Pois eu vou dar comida e vou esquentá-lo. Disse de volta o menino.
Você vai levá-lo de flor em flor?
Vou...Vou sim!
E foi isso que ele fez.
Por três dias ele mal conseguia prestar atenção no colégio, ignorava as outras crianças e voltava correndo de volta pra casa, para ser as asas de um beija-flor, e isso lhe enchia de uma alegria que desconhecia até então.
Robertinho não era uma criança como as outras. Era infantil, brincava e corria e se sujava como todo menino, mas era um pouco mais calado e sozinho que os outros. Ele mesmo não sabia explicar, mas de alguma forma, em algum lugar ele sabia que não era só uma criança, ele adivinhava que “estava” criança, sabia que isso terminaria logo e então não tinha tempo a perder querendo ser adulto, ou imitando os mais velhos.
A infância era a coisa mais importante, e ele se dedicava de coração a ser a criança mais pura, mais cristalina. Mesmo que isso o isolasse um pouco.
Talvez isso tivesse algo a ver com suas mãos grandes e rudes, que não combinavam muito com seu tipo magro e franzino, eram mãos de pescador.
Chegava em casa correndo e retirava o pássaro de seu ninho improvisado de camisas velhas e meias, aquecido por duas lâmpadas de 25W e corria ao jardim. Rosas brancas, Cravos e Hibiscos ofereciam um manjar aos dois, que ficavam por horas ali, aproveitando aquele Sol Enganador de outono e a companhia quente um do outro. E como era admirável ver sair aquela longa língua branca do bico tão fino e tão negro, buscando o precioso néctar das flores.
Na noite do terceiro dia Robertinho dormia e sonhava.
Sonhava que estava em algum lugar nas planícies ao longo do Rio Amarelo, com suas grandes mãos sujas e fortes, quando sentiu sobre si um vento e um ruflar, algo como uma vibração, que ele já conhecia, só que amplificada uma centena de vezes e quando olhou para cima viu seu amigo beija-flor. Estava enorme, um gigante pairando no ar e seus olhos negros, que agora ele via bem, eram profundos e afetuosos. Suas asas brilhavam como se cobertas por milhões de escamas das cores que só os sonhos podem conter e o pássaro falou com ele.
Liberte-me.
E o coração do menino deu um pulo em seu peito, desfazendo seu sonho entre névoas mas ele ainda pode ouvir um pouco mais.
Liberte-me e voe comigo...
Robertinho pulou de sua cama e correndo ao ninho improvisado confirmou o que já sabia. O beija-flor havia morrido. Aquela vibração mágica não existia mais, só restando aquele corpo que lhe pareceu ainda menor e mais frágil que antes.
O retirou com toda delicadeza, e fez pra ele uma cama de flores e folhas secas escolhidas com cuidado, no mesmo lugar de sua queda original.
E enquanto o sol nascia ele viu os últimos brilhos sobre suas asas coloridas se apagarem e o corpo se tornou opaco, e Robertinho o enterrou para que não fosse carregado pelas formigas.
Chorou sozinho no quintal, em seu primeiro enterro, na morte de seu primeiro amigo, um que o ensinou a ter asas.
A “ser” as asas de um beija-flor e Robertinho nunca mais o esqueceu.


...dedicado ao meu amigo que não tem asas mas que voa alto com suas mãos de cantonês...
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sexta-feira, agosto 10, 2007

A estrela do Norte.

As vidas dos meus queridos correm a meu lado.
Eu vejo seus olhares baixos, as marcas do cansaço e do envelhecimento, pois nós também envelhecemos, o tempo não terá piedade de nós e também morreremos aqui em casa, como em todas as outras casas do mundo.
Na companhia dessas pessoas parece que me encolho, assustado com os estrondos e estouros que nos vem do mundo e nos escondemos esperando que a guerra termine, como um show de fogos de artifício que brilham pelos vidros quebrados das janelas.
Nos abraçamos e é um abraço desesperado.
Nos abraçamos para nos consolar de uma vida que é vivida com dificuldade, com lutas inúteis e intermináveis, nos abraçamos para nos consolar por não estarmos sós nesse destino.
Mas ainda existe aquela estrela que brilha, aquele norte que permanece Norte, maldita estrela que me ferroa e me obriga à esperança. Já que apesar das lições tristes que aprendi de meus pais, do destino de exilado, eterno exilado, que herdei de meus avós eu teimo em torcer tudo mais uma vez e ser feliz nessa vida.
Devo isso a eles, meus mais queridos, a todas essas pessoas maravilhosas que vieram antes de mim e que se viram fracassar. Eles verão que o fracasso só existiu em suas mentes, verão que seus corações cheios de amor e vida e sonhos ainda bate aqui neste peito de trinta e quatro anos e seremos felizes juntos.
Seu olhar ancestral me abençoa, seus olhares baixos me enchem de ternura e um olhar cheio de amor me dá a certeza de que tudo é assim mesmo, sem sentido e maravilhoso.
E assim meu filho enxergará também...

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quinta-feira, março 08, 2007

Cinco novidades do Submundo:

1. A ponta do meu dedo cresceu de novo.
2. Pode-se congelar vodka sim.
3. Você pode ser aplaudido por vomitar no meio da rua.
4. Vida de mestrando é o maior tédio.
5. Viver uma vida boa dá trabalho mas compensa!
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