sexta-feira, junho 27, 2008

Abre a janela

- Abre a janela! Eu quero respirar esse ar poluído...

E com os vidros abaixados por inteiro, sentia os dedos do vento acariciarem seu cabelo. Era grande a felicidade de finalmente poder respirar aquela fumaça laranja, que alegrava suas narinas, sua traquéia e seus pulmões.

Estava em casa.
Talvez isso fosse tudo o que importasse.

Era estranho como há 10 anos tudo o que mais quisera era ir embora e nunca mais voltar, e agora reencontrava tudo em seu exato lugar. Tudo onde sempre esteve. Tudo onde deixara. A diferença era interna, onde ela se encontrava agora.

Os motoristas, as pessoas, os vendedores, até mesmo os flanelinhas pareciam mais educados, mais civilizados, algo bucólico até.

Seu carro transitava pelas ruas e não se deparava com buzinas ofegantes, grandes grosserias ou congestionamentos intermináveis. Era só ela e a rua e o carro. Tá certo, e distraídos motoristas de ônibus. Até o asfalto parecia saldá-la como se fosse um tapete, sem buracos ou remendos.

Jardins, bosques, praças iluminadas, telhas coloniais cobrindo pontos de ônibus, plantinhas penduradas em postes, morros sem favelas, rios sem margem de cimento, eram essas as imagens que tocavam sua retina.

Estava em casa, enfim.

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